Opinião

A remodelação necessária só à coligação

De forma esperada a remodelação no atual Governo dos Açores aconteceu. Depois de avisos em tons ameaçadores por parte de Deputados que suportam parlamentarmente este Governo, depois de termos assistido publicamente ao anúncio de perdas de confiança política por parte de Deputados de partidos que integram esta solução governativa e depois da opinião pública alertar várias vezes para esta necessidade a remodelação lá aconteceu.

E sobre este assunto há vários aspetos que me parecem relevantes destacar: em primeiro lugar parece-me óbvio que esta remodelação parte coxa à partida. E sou dessa opinião porque me parece que a decisão de remodelação é consubstanciada mais na necessidade de agradar aos parceiros de coligação do que na necessidade sentida pelos açorianos de que há muita coisa que precisa mudar na governação dos Açores. Ou seja, perante todas as dificuldades sentidas por todos, o foco da governação mantem-se na sua própria manutenção em vez de estar onde devia efetivamente estar que é nos Açores e nos açorianos. O segundo aspeto que me parece relevante destacar é o fato desta remodelação só incidir em pastas em que a governação é liderada por personagens ligadas ao PSD. Ou seja, estamos perante uma situação em que o partido maioritário nesta coligação volta a mostrar subserviência aos seus parceiros mostrando que não lidera este Governo, como naturalmente se esperava que acontecesse. Por último, outro aspeto que me parece bastante relevante é a demora que o Presidente do Governo levou para tomar esta decisão. Levou tanto tempo que fica no ar a dúvida se a demora se deveu à dificuldade em assumir o que precisava urgentemente ser mudado ou se esta demora se deveu à dificuldade em encontrar personalidades que aceitassem integrar um Governo com esta frágil configuração.

Perante tudo isto, uma coisa é certa, esta é uma remodelação que revela sinais preocupantes e antes assim não fosse.

               

(Crónica escrita para Rádio)