Inebriado pelo poder, refém das exigências de uns e dos caprichos de outros. Entre a hesitação e a inércia, eis que surge - já velha nos propósitos e esgotada nos objetivos - a remodelação que todos reclamavam. Não podia ser mais ilustrativa do estertor que cerceia este Governo. Em vez de renovar, fecha-se sobre si próprio. Em vez de atrair novos quadros, enquista-se na espinhosa tarefa de manter um equilíbrio – cada vez mais – precário. A remodelação anunciada não tem, afinal, o propósito de injetar eficácia e eficiência à governação. Tem, antes, o frívolo objetivo de fornecer um balão de oxigénio a um Governo em agonia. Em síntese, a realidade política açoriana está marcada pela falta de coragem política de quem caucionou uma solução governativa instável. Uma maioria totalmente dominada pelo instinto de sobrevivência e, por isso, manietada e sem horizonte de futuro. A remodelação foi um hino à máxima de Alphonse Karr: “Quanto mais isto muda, mais está na mesma.”