basta pum basta!
uma geração de jovens portugueses que consente deixar-se representar por um partido de velhos caquéticos, agarrados a uma realidade alternativa – na qual o muro de berlim não caiu – é uma geração que nunca será.
uma geração de jovens que comenta nas redes sociais contra o “imperialismo dos eua”, contra a “instigação da violência pela nato” ou contra a “provocação da europa ao apoiar a ucrânia”, é uma geração que já não o é.
uma geração de jovens europeus que dá voz a um partido que somou dois votos aos 11 que votaram contra a condenação da invasão da ucrânia pela rússia pelo parlamento europeu é uma geração que, se calhar, nunca verdadeiramente o foi.
em 705 possíveis votantes – setecentos e cinco –, 13 euro-deputados votaram a favor de vladimir putin e da sua cleptocracia populista de extrema-direita, que legitima as atrocidades que têm sido infligidas aos ucranianos. 26 abstiveram-se, mas 13 votaram claramente contra.
e nesses 13 pró-vladimir-putin estão 2 euro-deputados portugueses: a sandra pereira e o joão pimenta lopes.
vergonha, sandra pereira! pum!
vergonha, joão pimenta lopes! pim!
dão mau nome aos portugueses, vocês.
shame on you!
1,8% dos euro-deputados não condenaram a invasão russa da ucrânia. 1,8% acham que a narrativa política de um partido, assim como a sua coerência ante a recorrente incoerência da sua terra-mãe, é superior ao valor da vida humana.
como antes e como agora,
o pcp está do lado errado da história.
diria infelizmente, mas o pcp sempre foi assim. teimoso, de palas nos olhos, “em frente, camaradas!” – mesmo que o que esteja em frente seja uma parede de realidade. ou um muro. como o de berlim.
mas o muro de berlim caiu e o pcp não quis acreditar na mentira imperialista dos estados unidos – como quem não acredita que o homem foi à lua ou que a terra seja esférica – e agarrou-se ao discurso anti-imperialista.
só que os povos que aderiram à nato depois dessa queda
para mal da memória comunista
– a hungria, a polónia, a república checa, os países bálticos –
não o fizeram por serem parte de um plano imperialista
do inimigo americano.
muito pelo contrário! estes países preferiram estar deste lado do mundo civilizado precisamente por temerem o imperialismo russo que, desde o século viii, avança contra eles – ora a mando dos czares, ora dos comunistas, ora agora dos populistas.
morra o discurso comunista anti-democrático, morra!
morra o discurso contra os eua, morra!
morra o discurso a favor de putin, morra!
morra o discurso contra a nato e a união europeia, morra!
basta, pum!
o partido comunista é maldoso.
não come criancinhas ao pequeno almoço,
mas lava-lhes o cérebro,
com propaganda contra o imperialismo de direita
quando defendem o imperialismo de esquerda – que é mais ou menos a mesma coisa mas de lados contrários.
na sua música “odeio pessoas”, que conta com a participação de cláudia pascoal, gandim, às tantas, no meio de todas as tipologias de pessoas que diz que odeia, afirma que odeia “quem faz espuma nos cantos da boca” – e a imagem que surge é a de jerónimo de sousa, e logo de seguida um “swipe left” de rejeição.
o pcp é velho!
o pcp faz espuma nos cantos da boca!
o pcp cheira mal da boca – das coisas que diz mal!
o pcp cheira mal das mãos – do sangue que limpa mal!
basta, pum, basta!
morra o pcp, morra! pim!
e morrerá, felizmente,
por mim, não,
por ti, também não,
o partido morrerá pela sua própria mão.
morrerá pela dissidência discreta e silenciosa que as suas recentes acções têm despoletado, motivada pela autofagia caquética da cúpula do partido, cego perante as evidências, surdo aos clamores de mudança das suas bases e à actualidade, onde a guerra é injustificável, as mortes são crimes de guerra russos, e a “mother russia” não é o sonho que comanda a vida comunista.
da não condenação do vil ataque à ucrânia pela rússia, passando pela não concordância com a recepção do discurso de volodymyr zelensky pela assembleia da república, à mais recente birra de criança malcriada ao anunciar que não estaria presente no parlamento quando discursasse o legítimo presidente da ucrânia, o pcp tem dado paus para a estrutura do cadafalso da sua morte anunciada.
que seja breve, a sua morte! que seja um sopro leve na memória saudosista dos velhos caquéticos que suspiram pela união soviética de tempos idos, e nada mais.
que seja uma morte “suave à memória” – como diria ricardo reis a lídia à beira do rio –
nada mais do que uma suave lembrança dos que ficam.
morra o pcp, morra! pim!
(que me perdoe almada negreiros a ousadia, a quem roubei a forma deste artigo, mas de forma alguma a intenção de emular a sua eloquência ou sequer qualidade)