As situações de utilização da administração pública regional para pagamento de favores políticos têm sido mais frequente do que aquilo que possamos imaginar até porque poucas, ou muito poucas, têm vindo a público. Na passada semana aconteceu mais uma que por ser tão escandalosa e por ter revoltado uma ilha inteira ficamos todos a saber.
Estou a referir-me à exoneração do médico António Salgado das funções de Presidente da Unidade de Saúde da Ilha do Corvo por supostas incompatibilidades com os restantes membros e da rápida nomeação do seu substituto.
Há uma coisa que eu não posso nem consigo fazer, colocar em causa a capacidade de ambos no exercício das funções enquanto médicos, mas há uma coisa que eu acho que define este acontecimento: estamos claramente perante mais um favor político de Paulo Estevão ao seu encabeça de lista por São Miguel em outubro de 2020. E estamos ainda perante um Governo Regional que, mais uma vez, em nome da sua transparência, acede e branqueia este tipo de comportamentos que nada dignificam o exercício da governação e não contribuem positivamente para a forma como o povo olha para políticos.
Estas conclusões que tiro não são avulsas, elas são consubstancias nas declarações do Secretário Regional da Saúde, nas declarações do Deputado Paulo Estevão e nas declarações do próprio médico exonerado.
O médico foi o primeiro a dizer que se tratava de uma decisão política com origem no Deputado Paulo Estevão fazendo-o acusações graves sobre a sua forma de estar e ser político, o Secretário Regional da Saúde puxou a si a inteira responsabilidade da decisão que foi tomada, e o Deputado Paulo Estevão reagiu numa clara atitude de arrogância e petulância que, na minha opinião, só dá razão às acusações que lhe foram feitas.
(Crónica escrita para Rádio)