Opinião

A (in)tranquilidade no arranque do ano letivo

O ano letivo na Região Autónoma dos Açores teve início na passada 2ª feira. Este é um momento importante para muitas famílias açorianas, marcado pela natural azáfama de pais, alunos e professores. Marcado, acima de tudo, pela gestão de expetativas em torno do funcionamento da escola, dos professores afetos à turma e pela verificação de que nenhum material necessário está em falta.

Esta é a azáfama já esperada, mas sabemos que a comunidade escolar foi fustigada pela pandemia e não podemos esquecer ou ignorar as marcas deixadas. Após 2 anos letivos marcados por esta crise, em que muitos foram os desafios colocados a alunos, pais, professores e ademais profissionais de ação educativa, esperava-se _diria mesmo: seria imperativo_ termos um arranque de ano letivo o mais tranquilo possível.

Os sucessivos anúncios emanados pelos responsáveis governativos da região faziam crer que tal seria mesmo uma realidade. A garantia de iniciarmos o ano letivo com 99% dos professores necessários já colocados, com os assistentes operacionais necessários afetos às escolas e com os manuais digitais em pleno funcionamento foi dada, quer pelo Presidente do Governo Regional, quer pela Secretária Regional da Educação e Assuntos Culturais. A garantia era de tal forma clara, que permitiu, em pleno arranque do ano letivo, que o Governo Regional se deslocasse à Madeira, incluindo a Secretária Regional da Educação. Aliás na região não ficou um único governante.

Tudo indicava que não haveria motivo para que o Governo dos Açores fosse incomodado durante esta sua viagem, tudo estava devidamente garantido. Rapidamente as garantias dadas dissiparam-se e lá foi necessário incomodar o Governo Regional com as notícias do que por aqui se passava.

Afinal, não temos 99% dos professores necessários, tanto nas ilhas de menor dimensão como nas maiores, tal como alertam os Sindicatos de Professores.

Afinal, a garantia de que as escolas teriam os de assistentes operacionais necessários não se faz notar. São vários os relatos em que o número mínimo de assistentes operacionais não se verifica, levando mesmo, num dos casos, ao encerramento da escola a cadeado por parte dos pais e encarregados de educação.

Afinal, os manuais digitais que estariam em pleno funcionamento no decorrer da primeira semana de aulas continuam em modo preparação. Ora ainda não chegaram às mãos dos alunos, ora chegaram sem que as credenciais funcionem, ora que grande confusão.

Afinal, a formação de professores ainda decorre em modo “em cima do joelho” porque as aulas já aí estão. Afinal, a formação de encarregados de educação continua por acontecer. Afinal, nem todas as escolas reúnem as condições físicas necessárias à efetiva utilização dos manuais digitais.

Afinal, a garantia é apenas uma: continuamos a ser governados ao sabor da maré! O que interessa é fazer parecer, o que interessa é lançar garantias mesmo que rapidamente as mesmas se dissipem tal qual a chuva de verão.

E, portanto, o arranque do ano letivo fica marcado pela falta de professores, falta de assistentes operacionais e manuais digitais por entregar ou funcionar!