São cada vez mais frequentes e perturbadores. Como arma de destruição maciça usam, em regra, uma coluna portátil, mas há também quem recorra ao telemóvel. À primeira – e última – vista parecem ignorar a máxima de que “gostos não se discutem”, mas, efetivamente, se podem lamentar. Invadem estrepitosamente o éter com ondas sonoras e impingem a todos a música da sua preferência, seja esta forró, pimba, rock, heavy-metal, ou uma balada delicodoce que estremece a paciência até aos mais resistentes. Na praia, no campo, nas ruas da cidade, nos transportes públicos, enfim, há quem pense que nasceu para dar música aos outros. Desconhecem, em absoluto, que pode haver quem não aprecie os decibéis ululantes que insistem em partilhar. Destes guerreiros acústicos, há quem faça cara feia – ou até pior – se, por acaso, alguém cometer a ousadia de pedir educadamente que baixe o som. Com tanta campanha de sensibilização a orbitar os meios mediáticos e as ditas redes sociais, o apelo ao fim da agressão sonora e ao uso de fones devia ser uma delas. Oscar Wilde lamentava: “o egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos”.