No último dia do plenário deste mês de outubro, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, um deputado exclamou: “Isto é um circo!” Dirigia-se ao seu antigo colega de partido, também eleito nas regionais de 2020, a propósito do debate de um diploma, que este tinha apresentado. Logo a seguir: nova ameaça – “Eu não vou por aí”.
Um pouco antes, tinha sido a vez de um outro deputado, lembrar um item do acordo de incidência parlamentar, que tem com o atual Governo. Já cansa ouvir falar desse acordo, sempre que um deputado é contrariado, ou não consegue, levar avante as suas intenções…
Umas vezes vai ser rasgado; outras tantas interrompido. Seja como for faz lembrar aquela deixa de uma rábula do teatro popular micaelense: “cheira-me a papel rasgado”… porque alguém se havia esquecido dos fósforos e já estavam em cena.
Brincadeiras à parte, até porque ao contrário do senhor deputado, eu acho que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores não é um circo, a verdade é que este leilão constante de quem consegue mais, porque ameaçou melhor, não resolve nada e, óbvio, já toda a gente percebeu que não se concretizará.
De modo que (muito sinceramente) penso que as pessoas que (ainda) prestam alguma atenção, ao que por ali se vai passando, o que esperam são propostas reais, eficazes e capazes de ultrapassar estes tempos tão perigosos e difíceis, que afetam famílias e empresas.
É que enquanto os deputados – que apoiam esta solução governativa – andam a tentar que o tempo passe, como se fosse uma espécie de silly season continuada, num constante leilão, há açorianas e açorianos, em dificuldades. Muitas dificuldades e preocupações.
Nenhuma delas, passa (certamente) por saber se o acordo (já) foi rasgado.