Opinião

2023

O próximo ano será extraordinariamente difícil. Para além do aumento do custo de vida, as previsões macroeconómicas apontam para uma diminuição do crescimento e o risco de uma deflação na Europa não está completamente afastado. Por cá, e ainda sem merecer a devida atenção, o aumento galopante da dívida pública regional e do défice orçamental não se traduziu em reformas e mudanças com impacto reprodutivo que ora mitigassem as dificuldades das famílias e das empresas, ora produzissem efeitos multiplicadores no crescimento da economia regional. Perante os dados oficiais que revelam um aumento de 27% da dívida pública em apenas 18 meses, é embaraçoso assistir ao silêncio cúmplice daqueles que clamavam por uma diminuição do endividamento. O argumento do endividamento zero para 2023, para além de falacioso, corre o sério risco de esbarrar com a realidade, à medida que aumentam os atrasos nos pagamentos a fornecedores e cresce a preocupação com a necessidade de não desperdiçar fundos comunitários. Em surdina, timidamente, quem faz contas teme que a “bota não jogue com a perdigota” e um retificativo espreite no horizonte. Até lá, pelos vistos, é “empurrar com a barriga para a frente”.