Já estou há algum tempo para utilizar este espaço de opinião para falar sobre este assunto e confesso que hesitei fazê-lo nesta semana dada a proximidade do Natal, preferia um assunto mais festivo, mas o assunto é deveras importante para ser deixado para depois.
O assunto em questão é fato de ter sido aprovado na nossa região um apoio de mil e quinhentos euros a cada criança que nasça desde que esteja inserido num determinado conjunto de critérios que foram previamente definidos e negociados entre o PSD, e o CDS-PP, o PPM e o Chega.
Não discordo que o envelhecimento da população seja um problema que precisa ser ultrapassado e sejamos claros, isso só acontece com sucesso se aumentarem o número de nascimentos. Mas, será esta a melhor forma de promover a criação ou o crescimento de famílias? Não me parece…
Aquilo que me parece é que um verdadeiro combate à inversão da curva demográfica trava-se conseguindo que os jovens consigam conciliar uma evolução profissional com um crescimento familiar, que um jovem não tenha de adiar a constituição de uma família porque não tem um emprego estável ou porque não consegue uma habitação própria. Um verdadeiro combate à inversão da curva demográfica só será conseguido quando a verdadeira política parar para pensar numa verdadeira reorganização da sociedade que volte a colocar as pessoas no centro da sua prioridade.
Na minha modesta opinião, a solução encontrada nos Açores, para além de ser discriminatória por só estar disponível para cerca de 30% da população, é uma solução idealizada por quem politicamente pensa muito, mas muito pequenino e não tem a capacidade de ver que o problema da natalidade vai muito para além do dinheiro necessário no início de vida de um bebé.
Caro ouvinte, sendo esta a última crónica antes do Natal, quero deixar a todos vós e a todos os colaboradores da Rádio Atlântida um Santo e Feliz Natal.
(Crónica escrita para Rádio)