Os dados sobre a pobreza publicados pelo INE no passado dia 20 de janeiro, referentes ao ano de 2021, dão conta de um sério retrocesso nos Açores no que respeita à recuperação que se vinha construindo na região. O caminho de recuperação vinha a ser trilhado, ancorado numa estratégia de combate à pobreza com diferentes dimensões.
Em 2021 este percurso de recuperação não só foi interrompido como tomámos o rumo oposto, regredimos em contraciclo com o país que continuou a melhorar os indicadores referência na monitorização da pobreza. O contexto de pandemia seguido por uma crise inflacionista foi também vivido no país e, portanto, estes não podem ser utilizados como argumentos para justificar que nos Açores a pobreza agravou-se. E os números não enganam.
Segundo os dados reportados pelo INE, os Açores foram a Região do país que mais aumentou o Risco de Pobreza, passando de 21,9%, em 2020, para 25,1%, em 2021, 15% de aumento. Os Açores foram em 2021 a Região que mais aumentou a desigualdade, passando de 33%, em 2020, para 34,8%, em 2021, 5% de aumento.
Quanto à Taxa de Privação Material e Social Severa aumentou 8,7%, em 2021, mas já olhando para 2022 o INE avança que nos Açores este indicador ascenderá a 9,7%, 11% de aumento. Já a Taxa de Sobrelotação da Habitação, estima-se que aumentou nos Açores 11,2%, em 2021, passando para 13,5%, em 2022, 21% de aumento. Colocando os Açores como a região do país com maior sobrelotação.
Perante estas evidências vem a coligação apontar novamente o dedo ao PS, acusando-o de manipular os dados. A par disso elencam um conjunto de medidas do atual Governo que servem para justificar e argumentar em todo e qualquer debate. Medidas, já o disse antes, avulsas desprovidas de uma estratégia capaz de articular as várias dimensões a considerar. São medidas por encomenda de diferentes partidos, desprovidas sequer de uma visão do que querem para os Açores. Até porque são cinco partidos com visões muito diferentes, e isto de governar em modo “discos pedidos” resulta numa amálgama de ritmos diferentes! O resultado está à vista: retrocedemos todos os dias.
E vem a coligação acusar o PS de manipular os dados?! E sempre que os resultados são maus – o já velho argumento – a culpa é do PS. Passados mais de dois anos de governação, este governo já tem histórico e os dados estatísticos evidenciam os resultados. Não é apenas o Partido Socialista a ler a realidade. Os dados publicados pelo INE, as notícias que nos chegam pela comunicação social, os especialistas... e, em primeiro lugar, as pessoas que o sentem na pele.
Vir a coligação sacudir a água do capote, novamente, já não colhe junto dos açorianos. Negar a realidade é não só desrespeitar o momento difícil que atravessam, como insultar a sua inteligência. Não é apregoando que os Açorianos estão melhor hoje que tal passará a ser verdade. Não é anunciando o orçamento de 2023 como o orçamento com maior pendor social de sempre que fará com que a realidade dos açorianos melhore. Governar não é orçamentar, isto é fácil! Governar é executar e executar bem! E aqui,… estamos mal, muito mal.