Numa democracia representativa, o governo depende do suporte parlamentar. Daqui decorre que, no contexto da coligação, os acordos de incidência parlamentar foram condições necessárias à existência do atual governo. Convém também lembrar que, em 2020, o Presidente da República fez depender a indigitação do líder do segundo (!) partido mais votado nas eleições regionais da existência formal desses acordos. O seu fim tem, por isso, uma conclusão evidente: o Governo deixou, para já, de ter a confiança do parlamento. Ninguém compreende que seja de outro modo. Aqueles que denunciaram os acordos por concluírem que o Governo não cumpre - e é fator de instabilidade – não podem, simultaneamente, ser o seu suporte imediato de vida, sem, com isso, desafiar irremediavelmente a lógica. Mas, no jogo da verdade ou consequência em que se enredam, os tiros de pólvora seca da IL e do Chega não ilibam Bolieiro. A sua recusa em retirar ilações óbvias, indica o estado de negação em que se encontra a coligação.