Tem sido amplamente debatido nestes últimos dias os cartazes que andam a ser utilizados por algumas pessoas nas manifestações dos professores.
Em todos os debates que tem havido sobre o assunto, em nenhum deles se falou quer dos argumentos reivindicativos, quer dos argumentos já apresentados por parte do Governo.
Era disso que se devia estar a falar dada a importância do assunto, mas não. Conseguiram, mais uma vez, desvalorizar os seus próprios argumentos, a sua própria luta e com isso colocar em causa todos aqueles que de forma séria e serena têm vindo a debater-se pela recuperação do tempo de serviço.
Mas não é sobre esta parte do assunto que vos quero falar hoje. Aquilo que vos quero falar hoje é da estratégia de comunicação que consubstancia a criação daqueles cartazes, nomeadamente por parte de um dos sindicados.
Uma estratégia de comunicação que não é nova e que, pelo que fui assistindo, foi inaugurada pela extrema-direita.
A criação de imagens que misturam caras de políticos com animais ou até mesmo com figuras diabólicas é, foi e tem sido uma estratégia utilizada pela extrema-direita no Brasil contra adversários políticos, seus familiares e também contra jornalistas numa clara tentativa de criar um sentimento de rejeição a determinada pessoa.
Que não se julgue que as coisas não estão relacionadas. As receitas destas ideologias são conhecidas, já foram implementadas em outros sítios e não começaram a ser debatidas agora. Os sinais não devem ser ignorados se queremos uma sociedade cada vez mais justa para todos.
O filósofo irlandês, Edmunde Burke escreveu um dia que “a única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada” e eu vejo muitos homens bons sem nada fazerem perante estes acontecimentos no nosso País.
(Crónica escrita para Rádio)