A discrepância entre o discurso do Governo Regional sobre os apoios sociais e a realidade vivida pelos Açorianos é flagrante! O atual executivo anuncia soluções milagrosas, mas os milagres tardam em fazer-se sentir pelas famílias ou pelas instituições do sector social.
Com a agravante de querer este Governo, sistematicamente, branquear o trabalho desenvolvido durante anos pelos anteriores governos do Partido Socialista. Veja-se o caso do Presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, que só por imperdoável desconhecimento ou por desesperada necessidade em anular o património deixado, vem agora acusar os anteriores executivos de erro, negligência ou abandono da área social.
Nunca é demais relembrar que a rede de apoio social existente na Região é legado dos governos anteriores. E as medidas implementadas nesta área, pelo atual executivo, são manifestamente insuficientes para fazer face às exigências com que nos deparamos hoje.
As instituições do sector social, quer as Misericórdias quer as IPSS, defrontam-se com o aumento dos custos energéticos superior a 40%, aumento dos encargos com o pessoal, aumento dos preços dos bens e serviços. Aumentos que superam, em muito, o acréscimo do valor padrão pago por utente, sem que apoios específicos para fazer face a esta dificuldade sejam criados. Desvalorizando o importante papel desempenhado por estas instituições, o Governo Regional ignora as dificuldades sentidas por estas, lavando as mãos da sua responsabilidade. As instituições ficam a braços com sérios problemas financeiros que, inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, irão refletir-se na qualidade dos serviços prestados aos utentes.
Se é verdade que esta é uma conjuntura extraordinária e difícil, devido aos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia; também é verdade que ao dispor da Região existe um pacote financeiro, como nunca existiu, criado precisamente para fazer face a este contexto.
Para mal dos Açorianos e dos Açores, estes fundos não só não estão a ser devidamente utilizados para a resolução destas dificuldades, como aumenta claramente o risco de no final do prazo de execução do PRR, a Região ter de devolver à Europa grande parte destas verbas, apenas e só, porque este Governo não é capaz de as aproveitar e colocar ao dispor dos Açorianos e do seu bem-estar!
É caso para dizer, falta solidariedade a este Governo!
(Crónica escrita para Rádio)