Opinião

Solenerge com nuvens

Na crónica da semana passada, falei sobre a diminuição, já a partir deste mês, das faturas de eletricidade também aqui nos Açores.

Contudo, nos tempos que correm não só a parte dos custos de energia que consumimos importa. É cada vez mais importante praticarmos consumos mais responsáveis e naturalmente com recurso a fontes mais limpas. Esse é um dos desígnios atuais em todo o mundo e os Açores não podem ficar de fora.

É responsabilidade destas gerações alavancar a responsabilidade através de incentivos e através da educação, não só para os mais novos.

Podia até parecer fantasioso para alguns, mas todos já percebemos que os recursos existentes na terra são finitos e há que preservá-los.

Nos Açores, tem havido bons exemplos dessa transformação ao longo dos anos, mas esse caminho não pode parar.

O programa Solenerge, criado no âmbito do PRR, tem o claro objetivo de incentivar famílias na instalação de painéis solares em suas habitações. Uma boa medida, com o contributo de todos os partidos com assento na Assembleia Regional, mas que não está a ter os seus resultados.

Foi conhecido por estes dias o relatório de execução deste programa e ficamos a saber que até ao mês de maio, das mais de três mil intenções de investimento só foram pagas oitenta e quatro candidaturas. É manifestamente pouco para a importância que o programa tem.

Em cerca de 5,4 milhões de euros aprovados o que chegou às famílias investidoras não atingiu os seiscentos mil euros.

O incentivo para que famílias e as empresas tenham um consumo de energia mais responsável não se coaduna com estas ineficiências e com estes atrasos. Muito pelo contrário. Pode até ter um efeito inverso ao pretendido. Pode até ser desencorajador e isso não devia acontecer.

 

 

(Crónica escrita para Rádio)