Opinião

Absurdismo

A atual gestão orçamental é digna de se inscrever na tese filosófica do absurdismo. Ou seja, não faz sentido e carece de fundamentos racionais. Só assim se compreende a fórmula assente em mais dívida, mais défice com menos investimento e menos receita. A Conta da Região, divulgada pelo Governo, é mais eloquente do que os discursos – estes, sim, “transformistas” – usados pelos dirigentes da coligação para explicar o inexplicável. Bem podem os “coligacionistas” inventar as narrativas mais estapafúrdias, contorcer os factos e gritar até ficarem roucos. Os dados oficiais recentemente publicados dão conta que, no espaço de um ano, a dívida a fornecedores da administração pública cresceu 50% e a dívida pública aumentou mais de 500 milhões de euros. Perante isto, o argumento da pesada herança só serve para iludir os mais distraídos ou para convencer os fiéis da liturgia da coligação. De há muitos anos a esta parte, nenhum político – nem, já agora, nenhum jornalista – pode afirmar, sem corar de embaraço, que desconhece a realidade das contas públicas. O governo está em negação, refém das suas más opções, e, com isso, está paralisado e a hipotecar o futuro.