Nos Açores, sob um manto reluzente e ilusório que cobre uma economia dinamizada pela agricultura, pelo turismo e por uma taxa de desemprego moderada, regista-se uma realidade financeira grave que decorre das opções orçamentais erradas da exclusiva responsabilidade do atual governo regional.
Dados oficiais revelam que em 2022 a dívida pública da Região aumentou 501 milhões de euros, atingindo o valor recorde de 3.109 milhões. Um aumentou de mais de 19% em apenas um ano que representa um acréscimo de 1.37 milhões por dia, incluindo domingos e feriados. Dos 501 milhões, 408 são dívida financeira, contraída junto de bancos, e 93 são dívida comercial. Ou seja, o governo está a transferir o endividamento para as empresas que fornecem, por exemplo, o setor da saúde. Só em 2022 essa dívida que asfixia as empresas privadas aumentou 50%. A piorar a situação verifica-se ainda a subutilização dos fundos comunitários e a consequente paralisação do investimento público.
O profundo desequilíbrio orçamental que resultou do exercício de 2022 deveria ter levado o governo a seguir o conselho de Mário Centeno, a política orçamental não deve comprometer a utilização dos fundos comunitários à disposição dos Açores.
A opção do endividamento zero está a revelar-se asfixiante para a economia. O coro de contestação ao governo e ao secretário das finanças aumenta a cada dia.
Os dados sobre as finanças regionais não são apenas números que interessam aos políticos, toca-nos a todos e demonstram o total falhanço do atual governo. O executivo está refém das suas contradições internas e perdido em deficits orçamentais recorde - o mais evidente indicador de falta de planeamento e de ausência de rigor orçamental.
Não há forma simpática de o dizer: a Região está a seguir uma política orçamental irrealista, irresponsável e insustentável. Estamos a atingir o fim da linha. É urgente inverter o rumo que está a ser seguido.