Os Açores, após quase 3 anos desta governação, perderam uma significativa parte do caminho percorrido e das conquistas já adquiridas, fruto do trabalho de muitos durante vários anos. Nem sempre as decisões foram as melhores e não tenhamos ilusões, governações isentas de erros não existem! Mas, exige-se que se trabalhe sempre no sentido de melhorar, de avançar rumo a um desenvolvimento sustentável traduzido na melhoria das condições de vida da população.
E quase 3 anos volvidos, são vários os indicadores, em diversas áreas, a darem conta de um retrocesso que penaliza os açorianos, seriamente.
Impõe-se recuperar o tempo perdido! São quase 3 anos perdidos, são quase 3 anos em que os açorianos assistem ao agravamento das suas dificuldades! O nosso foco continua a ser o futuro dos Açores a pensar nos nossos filhos e os que estão por vir!
Preocupa-nos a pressão a que as famílias com crédito à habitação, ou as que almejam adquirir casa, estão sujeitas devido à galopante subida das taxas de juro. O peso dos custos com a habitação passa a ter um sério impacto em grande parte das famílias açorianas.
Preocupa-nos que na região, o combate à pobreza tome um caminho contrário àquele que está a ser trilhado no continente e na Madeira. Os indicadores divulgados pelo INE comprovam o agravamento da situação nos Açores, em contraciclo com o registado no restante país.
Preocupa-nos que a rede de apoio social, as Misericórdias e as IPPS’s, sejam confrontadas com medidas manifestamente insuficientes para fazer face às exigências com que hoje nos deparamos. Veja-se um só exemplo: o aumento dos custos energéticos superior a 40%! A desproporção, ou mesmo a inexistência de apoios direcionados para o aumento dos custos de funcionamento destas instituições, coloca, em primeiro lugar, em risco a qualidade dos cuidados prestados aos utentes.
Preocupa-nos que na educação, programas consolidados e orientados para a promoção do sucesso escolar, como seja o ProSucesso, que já estava a produzir resultados, até mesmo antes das metas temporais estipuladas, tenha sido abandonado, sem que outras políticas tenham sido desenvolvidas para colmatar os efeitos resultantes desta decisão.
Preocupa-nos que na saúde, a dívida a fornecedores e os prazos de pagamento piorem de forma preocupante, deixando os hospitais e as unidades de saúde de ilha com maiores dificuldades financeiras.
Preocupa-nos que no combate às dependências, perante o agravamento dos efeitos provocados pelo consumo das novas substâncias psicoativas, comummente designadas como drogas sintéticas, não mereçam o reforço da capacidade e dos meios que permitam às instituições, que lidam com esta problemática, dar respostas mais eficazes. E não esquecer, as dependências antes de serem um problema de segurança são um problema de saúde.
Preocupa-nos que o trabalho feito pelos agentes culturais e as suas preocupações relativas aos cortes brutais no financiamento sejam desvalorizados por este Governo, reduzindo a importância da cultura face a outras áreas da governação.
Estes são alguns dos claros indicadores no retrocesso a que fomos votados na Região.
O nosso futuro, o futuro dos nossos filhos não pode continuar a ser hipotecado. Urge resolver os problemas sentidos no dia a dia pelos açorianos! Urge corrigir o rumo, fazendo mais e melhor!
Esta crónica regressa em setembro, até lá continuaremos atentos ao rumo dado aos Açores!
(Crónica escrita para a rádio)