Opinião

A execução não engana

Já desconfiava, mas veio a confirmação. A execução do plano de investimentos da Região em 2022 foi uma desgraça para a ilha Graciosa, infelizmente.

O governo do PSD, CDS e PPM, apoiado pela Iniciativa Liberal e pelo Chega, previa investir na Graciosa, no ano passado, cerca de 31,4 milhões de euros, mas só executou uns miseráveis 5,5 milhões de euros, ou seja, só aplicou nesta ilha 17,5% do que estava previsto, uma das taxas de execução mais baixas desde sempre naquela ilha e uma das mais baixas dos Açores.

Vendo mais em pormenor, percebem-se grandes assimetrias, que só encontram explicação no abandono com que a ilha Graciosa foi votada nos últimos 3 anos que, como se sabe, tem sido governada por uma coligação de partidos, que nem sequer venceram as eleições de 2020.

Na qualificação profissional e emprego, área importante para qualquer ilha, o governo previa investir 3,5 milhões de euros, mas só utilizou 75 mil euros, apenas 2,1% de execução.

Na agricultura, florestas e desenvolvimento rural, pilar fundamental para a economia da ilha, o governo da coligação alocou 4,5 milhões de euros, mas apenas executou pouco mais de 1 milhão, ou seja, 23,9% do previsto.

A pesca na Graciosa registou uma execução de apenas 52,1% do previsto, valor que fica aquém das necessidades. Para além disso, o sector está, neste momento, a braços com uma desorganização por incompetência do governo. É exemplo disso as reuniões que o Secretário Regional está a promover, ainda hoje, numa tentativa desastrada para alterar um regulamento publicado há poucos dias, apenas para satisfazer o presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, que está a tentar interferir numa coisa, que nada tem a ver com ele.

O mais dramático foi a dotação de 912 mil euros para a promoção do destino turístico, mas cuja execução foi mesmo zero, ou seja, não houve promoção do destino, nem incentivos à promoção, muito menos apoios para eventos desportivos de promoção do destino. Lembro que a Região dispôs de 10,4 milhões de euros para a promoção do destino e estes governantes do PSD, CDS e PPM entenderam que a Graciosa não precisava, o que não deixa de ser extraordinário dada a dificuldade que esta ilha tem sentido em acompanhar todas as outras nos indicadores do turismo.

A este abandono e a teimosia em não acatar a resolução aprovada em dezembro para completar a Marina da Barra, relembro que foi aprovada contra a vontade da coligação, se juntarmos a fuga de dois projetos tecnológicos para outras paragens, a indefinição relativamente às Termas do Carapacho e a não renovação do contrato para a exploração do Hotel, a partir de 1 de julho de 2024, sem se conhecer o caminho a seguir, verifica-se que a Graciosa está a passar por momentos difíceis que parece não incomodar aqueles que, até há bem pouco tempo, passavam os dias a criticar tudo e todos.

Esta governação, entalada entre exigências da direita e, truques para mascarar a realidade, está a comprometer a coesão regional que foi tão difícil de conquistar e a ilha Graciosa é uma das que já está a pagar caro por esta política desastrosa.