O verão de 2023 está a ser marcado por um inusitado conjunto de críticas de diversos parceiros sociais que confirmam a fraqueza do atual governo regional de coligação. Olhemos apenas para os últimos 15 dias.
Os seis presidentes de Câmara de São Miguel, incluindo três eleitos pelo PSD, reuniram com o presidente do governo para denunciar a ausência de investimentos na maior ilha dos Açores. A Câmara de Comércio de Angra acusa o governo de desenvolver uma promoção turística que beneficia apenas uma das nossas ilhas. A Câmara de Comércio e Indústria de São Miguel critica “o desenho” e a “insuficiência de verbas” do sistema de incentivos ao investimento privado apresentado pelo governo, após 19 meses de atraso. Até a fábrica de laticínios Prolacto alerta que a política de redução da produção de leite e de transição para a produção de carne é desadequada para resolver os problemas do setor agrícola. Curiosamente, a todas essas críticas, nem o próprio executivo, nem os partidos que o apoiam esboçaram qualquer defesa. O deficit de convicções é evidente.
Já os comunicados do PS têm merecido uma reação diferente. Seja no caso da denúncia do descalabro das finanças públicas regionais ou sobre os constrangimentos no porto de Ponta Delgada, o PSD acusa o PS de não ter “qualquer autoridade política e moral” para se pronunciar. Um registo despropositado que apenas revela falta de cultura democrática e de argumentos. O PSD ainda não percebeu que o PS tem toda a legitimidade e autoridade política e ética de projetar a sua intervenção no confronto entre o atual marasmo governativo e um futuro novo governo do PS. O passado foi lá atrás. O PSD está a exagerar num registo arrogante que apenas revela o nervosismo próprio de quem sente que a sua governação é dececionante e que muito provavelmente caminha para uma derrota eleitoral. O verão de 2023 parece marcar o princípio do fim do governo de coligação.