Opinião

Um Mau Exemplo

A madrugada da passada segunda-feira ficou marcada por intensa chuva que provocou, para além de muitos sustos, danos materiais em habitações e viaturas em várias freguesias da ilha de São Miguel.
É de registar o bom desempenho do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, tendo esse organismo registado mais de meia centena de ocorrências nessa longa noite de sobressaltos, 45 em Ponta Delgada e 11 no concelho da Ribeira Grande. No plano técnico e operacional a situação foi tratada com a prontidão e a dedicação habituais.
O que é estranho e começa a ser um padrão é a completa ausência de responsáveis do governo regional nos locais atingidos pelas intempéries. Já nenhum responsável político passa a noite tempestuosa a acompanhar a situação no Centro de Coordenação da Proteção Civil. Desta vez na Ribeira Grande e em Ponta Delgada não surgiu nenhum responsável governativo no rescaldo da intempérie. Há alguns meses atrás na Povoação, na sequência de deslizamentos que obstruíram a estrada de acesso à Ribeira Quente, apareceu um membro do governo três dias depois da ocorrência e a reboque de críticas que impuseram a sua presença.
Um governo que tanto apregoa a solidariedade não tem ninguém disponível para num momento de sofrimento e angústia marcar presença nesses locais para reconfortar as pessoas e esclarecer sobre os apoios que podem ser acionados nessas situações?
Tempos houve em que os secretários do governo regional, quando não o próprio presidente do governo, marcavam presença sempre que ocorria uma situação como as verificadas na passada segunda-feira. Quem conhece o ambiente de rescaldo de intempéries sabe bem da importância que se reveste a presença de responsáveis governativos nesses momentos difíceis.
O atual governo regional é um executivo descuidado que prima pela insensibilidade e pelo distanciamento em momentos críticos. A atuação do governo no rescaldo das intempéries é um mau exemplo face ao que se fazia no passado e face ao que se devia fazer no presente.