Opinião

Muita trovoada, sinal de pouca chuva

Por estes dias faz cerca de um mês que o ano letivo 2023/24 teve início e o balanço está longe de ser positivo.

Somam-se as escolas sem assistentes operacionais que motivam o funcionamento condicionado das atividades letivas e extraescolares e há, mesmo, escolas a encerrar portas por não conseguirem assegurar os serviços mínimos ao seu funcionamento.

Multiplicam-se na Bolsa de Emprego Público dos Açores (BEPA) ofertas de recrutamento para professores, desde a educação pré-escolar ao secundário, para escolas de todas as ilhas de Santa Maria ao Corvo e algumas das quais com mais de 40 vagas disponíveis.

Subtrai-se às famílias açorianas, desde o ano letivo transato, a possibilidade de beneficiar de uma redução de 25% nas refeições dos refeitórios e cantinas escolares e só agora, finalmente um mês após o início do ano letivo, chegam às escolas orientações para a sua aplicação a partir da segunda quinzena de outubro e sem efeitos retroativos.

Tarda-se na colocação de bolseiros ocupacionais e atrasa-se, ainda mais, os respetivos apoios financeiros.

Distribuem-se culpas e responsabilidades pelos governos anteriores, pela república, pela autonomia das escolas, pela insularidade, pela crise, pelo mau tempo e pelo que está por vir…

E, assim, vamos de Educação e de governação nas demais áreas deste executivo.

O anúncio efusivo do Governo Regional, sobre os números record no desporto federado, esquece que é, também, resultado do investimento de governos anteriores e de muitos e muitos anos de intensivo trabalho e dedicação das associações e clubes desportivos de toda a Região. E, enquanto se vangloria destes números record, o mesmo Governo ignora, ainda, a chuva de queixas dos seus principais parceiros por falta de apoio, por falta de meios e de recursos que limitam os treinos e a prática desportiva e, em muitos casos, condicionam ou impedem a competição e participação de atletas e de equipas em ligas e campeonatos nacionais.

Atiram-se estudos, reuniões e grupos de trabalho aos quatro ventos na esperança de que com eles se esbatam, na espuma dos dias, os problemas que se espraiam e intensificam.

Adia-se para amanhã o que se pode fazer hoje, porque há uma campanha que precisa de promessas e de discursos inflamados e eleitoralistas.

Esgrime-se, dia após dia, discursos ficcionados que logram iludir das agruras da realidade vivida as famílias açorianas. Chuta-se para canto os problemas que se adensam e acossam a Região. Chama-se à marcação o Presidente do Governo Regional. Remate ao lado. Bola fora. Não há mais conversa. Está resolvido.