O debate em torno da aprovação do Orçamento da Região para o próximo ano está a aquecer.
O governo entregou a sua proposta ao Parlamento no passado dia 27. O ato foi precedido de uma barragem de propaganda a enaltecer os méritos do documento, numa tentativa de conquistar uma opinião pública distante e desiludida. É oficial. O governo propõe-se fazer num ano tudo o que ficou por fazer nos últimos três.
Como seria de esperar a manobra do governo falhou. O vitupério do autoelogio governativo não teve eco onde era mais sensível e necessário.
Três dias depois o PSD-A subiu a parada ao emitir um aviso explícito aos seus desavindos ex-companheiros. A não aprovação do Orçamento da Região para 2024 será um “ato de irresponsabilidade”, o governo regional “não se demite caso o Orçamento seja chumbado” e “prosseguirá as suas funções e as suas tarefas”, como se nada se passasse.
Aparentemente ninguém no PSD ponderou a contradição insólita criada pelo próprio partido. Perante o compromisso do presidente do governo de “humildade” e de conferir “centralidade” ao parlamento, o que se imponha nesta fase do processo era o sublinhar da total abertura negocial do governo e da sua inteira disponibilidade para o diálogo com todos os partidos com assento no parlamento.
Inacreditavelmente nada disso foi feito. O PSD preferiu a arrogância e a chantagem ao ameaçar que o chumbo do orçamento é uma irresponsabilidade que colocará em causa a boa execução do PRR e do investimento público. E um governo sem orçamento e a funcionar por duodécimos tem condições para executar o PRR e os fundos comunitários? Não será essa a suprema irresponsabilidade?
Um governo manifestamente incapaz e incompetente não merece uma quarta oportunidade.
Perante uma circunstância sensível que exigiria humildade, diálogo e abertura o governo cedeu à arrogância e à prepotência. O novo lema de Bolieiro inspira-se no refrão de uma célebre música brasileira de carnaval: “daqui não saio, daqui ninguém me tira!”.