Lembrei-me do poema de Drummond de Andrade, cujo título arrebanhei, a propósito da próxima discussão do Plano e Orçamento regionais para 2024.
Documentos previsionais de enorme importância, o seu eventual chumbo não está, em termos teóricos, entre as causas que obrigam à dissolução do Parlamento. Mas foi esse o entendimento político de Marcelo, aliás preanunciado, a respeito do chumbo do OE para 2022 na República.
Vem isto a propósito dos papéis rasgados, por diversas vezes e sobretudo no corrente ano, por um conjunto de forças políticas regionais com assento parlamentar. Face a isso, será que vão viabilizar, com o seu voto, esses documentos, como aliás sempre o fizeram, na prática, nos últimos três anos? E agora, Josés?... Será que "A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?"
Se a grande saca da direita parlamentar, não se ajuntar para continuar a levar ao colo este Governo de Marcelo, filho de Marcelo... e agora, Marcelo? Haverá uma segunda oportunidade, de propositura de novos documentos? É que o PSD cá de casa sentiu uma prematura ânsia de vir dizer que, em caso algum se demite, numa nova interpretação, muito própria, duma travestida centralidade parlamentar!
"se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José!"
O silêncio de Marcelo, e do seu núncio, a contrastar com a precoce zaragata nacional de há dois anos, tem que merecer uma explicação política, quando tudo se esboroa, e todos os pressupostos de pretensa legitimação há muito que foram negados, renegados, rasgados e repudiados, em público e com grande escândalo. E agora, Marcelo?
Ou será que, apesar dos pesares, e sempre ao colo de Belém, "sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?"