Esta segunda-feira, o Presidente da República Marcelo Rebelo Sousa reunirá com o Conselho de Estado e, cumprida esta formalidade, aguarda-se que anuncie a data das Eleições Regionais, antecipadas pelo chumbo do Plano e Orçamento para 2024 no plenário de novembro.
“Salvo pelo gongo”, é um ditado popular que, no atual contexto político da Região, parece assentar como uma luva ao elenco governativo da coligação do PSD, CDS-PP e PPM.
O desconforto e sucessivas ingerências latentes na frágil coligação a três, via as suas crescentes vulnerabilidades agravadas pela permanente necessidade negocial com os dois partidos que asseguravam e legitimavam a sua permanência no poder, mediante os compromissos assumidos em acordos de incidência parlamentar.
E, portanto, o chumbo do Plano e Orçamento para 2024 parece aliviar e salvar, em primeira instância, os três partidos da coligação PSD, CDS-PP e PPM. Mas, a sua precipitação deixa por cumprir o desejo dito em surdina por um PSD mais conservador, libertar-se do incomodo dos seus companheiros de coligação, CDS-PP e PPM.
E, enquanto se tecem as teias destes enredos políticos, à falta de melhor, a estratégia faz-se de ataques e atirar de culpas a tudo e todos, em particular ao Partido Socialista, para não se assumir responsabilidades pelo estado da Região que definha e se agrava.
Assim o ditam as notícias que vão dando conta do descurar de compromissos e responsabilidades, como o aumento recorde do passivo e da divida às farmácias que no final de julho deste ano ascendia já a 26 milhões de euros sem que, no curto prazo, o Governo Regional defina qualquer plano de amortização da dívida. Bem como as sucessivas notícias que, repetidamente, alertam os mais distraídos para as preocupantes evidencias do aumento da pobreza e do risco de exclusão social dos Açorianos mais vulneráveis, como o crescente aumento de pessoas sem abrigo e sem teto nos Açores e, em particular, na cidade de Ponta Delgada.
Mas é, também, evidente o alastrar do empobrecimento e das dificuldades que os Açorianos enfrentam quer pelo aumento de 33%, em 2023, de famílias apoiadas pelo Banco Alimentar, quer pela diminuição significativa dos bens alimentares recolhidos na campanha que esta entidade promoveu no passado fim de semana.
A menor capacidade dos Açorianos em contribuir com donativos traduz bem a sua menor capacidade financeira e o agravar de dificuldades, nomeadamente as sentidas pela classe média.
A contrariar a afirmação de que os Açores estão agora melhor e que este Governo de Coligação é aquele com o maior pendor social de sempre, aí estão os últimos indicadores sociais como prova do fracassar das suas políticas. Os Açores voltam a ser a Região do país com a maior Taxa de risco de pobreza ou exclusão social, divergindo do resto do país e interrompendo o processo de convergência alcançado durante os Governos do Partido Socialista.
Por último, recomenda-se uma breve análise comparada entre as sucessivos resoluções e anúncios eleitoralistas como a que, a título de exemplo, usa o chumbo do orçamento como escusa para os atrasos da candidatura da Região ao Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas mais Carenciadas (FEAC), ensaiando nova ameaça à distribuição de cabazes alimentares e pondo em risco a continuidade deste complemento de apoio à precariedade económica.
Este Governo de Coligação PSD, CDS-PP e PPM vive alheado das necessidades dos Açorianos de tão preocupado que anda consigo.