Pois bem, com base na unanimidade do Conselho de Estado e tal como se esperava, decidiu o Sr. Presidente da República dissolver a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Consequência desta decisão: entrou em gestão o atual Governo dos Açores. Não acredito que vejamos grande diferença entre aquilo que legalmente será permitido ao Governo fazer e o que efetivamente foram fazendo durante estes três anos, mas não deixa de ser uma situação inédita nos Açores.
Pela primeira vez na história da nossa Autonomia, e logo pela mão daqueles que disseram ser os garantes da estabilidade, há uma legislatura que não chega ao fim.
Cai assim por terra, passados somente três anos, a tal capacidade de diálogo e a tal centralidade do Parlamento iniciando-se agora da parte da coligação a fase do prometer tudo a todos desenfreadamente.
Caros ouvintes, os Açores, devido à fraca consistência desta solução de governo, entraram numa crise política que nunca tínhamos experimentado e por isso mesmo o tempo é de todos os partidos estarem à altura daquelas que são as suas responsabilidades.
O tempo, que por ser inesperado, é demasiado curto obriga a que todos os intervenientes sejam prudentes nas escolhas que terão de fazer nas próximas semanas.
O foco não deve ser ligar o “prometómetro” na velocidade máxima. O foco deve ser a elaboração de programas eleitorais que mostrem ser capazes de estarem à altura dos desafios que os Açores têm nos próximos tempos. O foco deve ser a elaboração de listas que mostrem capacidade de implementação desses programas.
Tenho a certeza de que o povo prefere conhecer o projeto que cada um terá para os Açores e sobretudo avaliará aquele que transmita maior confiança para o executar.
(Crónica escrita para Rádio)