Quando iniciei a minha atividade política, recebi do amigo José Nascimento, muito provavelmente como um estímulo para o que aí vinha, um livro com o sugestivo título “O que é a política?”, de Julien Freund, que li com muita curiosidade.
No entanto, e como é percetível em todas as atividades, da teoria à prática vai uma longa distância, mas as duas complementam-se. O conhecimento é fundamental, mas a sua aplicação completa o exercício de qualquer função, incluindo a ação política.
É frequente dizer-se que “a política é a arte do possível”, frase atribuída a Otto von Bismarck, primeiro Chanceler do Império Alemão.
E é verdade. Alguns podem entender este conceito como restritivo, mas, de facto, a política consiste em identificar os problemas e arranjar soluções dentro das condições existentes. Ou seja, estabelecer prioridades e enquadrá-las num orçamento realista. Não é muito mais do que isso.
Nestes três anos de governação, quase toda a gente reconhece que muito pouco foi feito nos Açores. Na Graciosa muito menos ainda.
Quando se esperava boas execuções dos planos de investimento, muito à conta de um novo e promissor quadro comunitário e do Plano de Recuperação e Resiliência, este último irrepetível, eis que ficamos subjugados à inércia, à incompetência e ao nepotismo de quem nos governa.
Grande parte deste mandato, mais curto do que é normal, o governo gastou energia a tentar mudar o nome de iniciativas que até estavam a correr bem e a tentar reescrever a história de tal forma que passou para lá do aceitável. Esta foi, como não podia deixar de ser, uma má opção.
Agora, que chegamos ao ponto em que não restava ao Presidente da República outra solução se não dissolver a Assembleia, regressam os anúncios de tudo e mais alguma coisa, num período em que o governo devia estar apenas em gestão e não em campanha com recurso aos meios públicos. Um governo em gestão tem de ser contido nas suas ações e não pode andar por aí como se nada tivesse acontecido.
No meu entendimento, estamos perante a violação de princípios éticos que deveriam nortear a conduta do governo que está limitado nos seus poderes resultante da dissolução da Assembleia.