Já arrancou a pré/intra/anti/endo/hemi/hiper/meta/proto-campanha (a escolha do prefixo fica por conta do leitor, como prenda, para não ferir suscetibilidades na véspera do dia de natal) erigida pela coligação, ou melhor dito pelo PPM/CDS/PSD, ou ainda melhor dito por Estevão / Lima / Bolieiro, (sendo certo que gostaria que o acrônimo "Bolimão" fizesse o seu caminho), diretamente dos seus gabinetes de veludo, sob o lema do amedrontamento e do medo.
Nestes dias em que todos andamos ocupados com a azafama natalícia, seja, alegadamente, a apanhar de musgo para o presépio, a fazer, desfazer e refazer árvores de natal, a tentar embrulhar presentes e a procurar aquele rolo de fita-cola que nunca aparece e que está sempre por debaixo do papel (fica a dica), ninguém está com predisposição para temáticas políticas, no entanto, se o leitor chegou até este ponto do texto não vale a pena desistir, até porque, por misericórdia, vamos entrecruzar um conto de natal para aligeirar.
Todos estamos, mais ou menos, familiarizados com "Um conto de Natal" de Charles Dickens e com os seus três fantasmas, o fantasma do passado, o fantasma do presente e o fantasma do futuro, os quais parecem estar, neste momento, a prestar assessoria de comunicação aos espectros que vagueiam pela coligação que nos desgoverna.
O Um Dó Li Tá da estratégia de comunicação é simples: tudo o que não se fez é culpa do PS, tudo o que não se faz é culpa do PS e tudo se faria se não fosse o PS, sendo o "Tá" um pouco distinto e enunciável nos seguintes termos: Se o PS for governo as únicas três coisas de jeito que fizeram vão ser revertidas.
Haverá tempo para ir ao "Um", ao "Dó" e ao "Li", mas antes que nos sentemos para o Perú e para o Bacalhau, importa desde já começar por arrumar, muito bem arrumadinho, o "Tá".
Como é óbvio se o PS for Governo serão mantidas: a tarifa açores, as progressões na carreira dos funcionários públicos e a inexistência rateios; no entanto, a nossa ambição não fica por aqui, como acontece na coligação, porque há também que retomar o que, entretanto, se perdeu: os transporte marítimo de passageiros, a dignidade dos serviços públicos e os pagamentos a tempo e horas aos agricultores.
Desejo de um feliz Natal a todos, sem amedrontamentos natalícios.