Opinião

Propositadamente esquecidos

Em determinado local, onde o relacionamento entre elementos do mesmo grupo se assemelhava a um jogo de xadrez havia dois elementos que pareciam ser peões esquecidos no tabuleiro. Mário e Maria, nomes fictícios para dois personagens igualmente irrelevantes, eram mantidos na sombra pelos próprios colegas, como se fossem a carta na manga que ninguém desejava mostrar.

Mário, com sua paixão por conversas aborrecidas e talento nulo para cativar uma plateia, era o especialista em afastar pessoas. Maria, por sua vez, tinha uma incrível habilidade de escolher as pautas mais impopulares e defendê-las com um entusiasmo que beirava o masoquismo. Juntos, formavam a dupla dinâmica da irrelevância no grupo.

Os outros membros desse grupo viam o Mário e a Maria como um fardo, uma carga negativa que só enfraquecia a imagem de todos. Em aparições públicas, eram escondidos nos cantos mais escuros, como se fossem os parentes inconvenientes que todos preferiam ignorar. Havia até quem discutisse estratégias para minimizar os danos que o Mário e a Maria poderiam causar, como se fossem uma pandemia a ser contida.

Enquanto isso, Mário e Maria, alheios à própria inadequação, continuavam a sua jornada com um entusiasmo inabalável. Ignoravam as conversas secretas onde eram discutidos os métodos para mantê-los longe, enquanto propagandeavam as suas ideias inusitadas para uma plateia imaginária.

Assim, este grupo ia mantendo uma união de fachada, enquanto o Mário e a Maria permaneciam como os heróis desconhecidos de uma trágica comédia.

Em jeito de conclusão, este poderá ser o resumo sobre a história de um grupo onde a irrelevância de dois pode ser ironicamente a morte do grupo.

 

(Crónica escrita para Rádio)