Marcelo marcou eleições, depois de receber os partidos regionais em Belém. Como dissemos na altura, Marcelo deu assim o golpe de misericórdia no que restava da figura do Representante da República, alçapremando-se a Presidente/árbitro do nosso mini sistema de governo. Só que isso não casa nada bem com o sistema parlamentar, que não pode ter um árbitro com legitimidade democrática direta do país. Os sistemas parlamentares só permitem um Presidente politicamente fraco, Rei ou Presidente saído do próprio Parlamento. O calculismo passivo dos parlamentos regionais foram objetivamente, e por inércia, facilitadores desse protagonismo de Lisboa, como se tem agora re-visto na crise política da Madeira.
Algo que merece análise, diagnóstico completo e terapêutica urgente, porque a Autonomia não resiste, a prazo, à bimbalhada ignorante e imediatista: temos que chegar a um consenso sobre a arquitetura autonómica e a sua governança. Por favor, não confundir com uma governança chegana!... Também aqui, temos sido efetivo laboratório de experiencialismo político, e não só vindo de Belém - corroborando velho aforismo de que o barbeiro experimenta na barba do tolo. Ou do mais pobre; ou do mais pequeno. O chumbo do nosso último orçamento serviu para a extrema-direita esticar a corda, fazer prova de vida e exigir mais. Ventura quer os seus apaniguados nos governos, o preço subiu e os Açores serão, uma vez mais, o precedente que avisará Lisboa.
Assim sendo, votar na Direita a 4 de fevereiro é mais ou menos como pedir um governo com Pacheco. E a azia, garantidamente, não se resolverá com sais de frutos. O "amigo" Bolieiro devia dar-nos a confiança de ser claro. Não o sendo... está a ser cristalino! Quem pagou com cheganos o preço de chegar ao Poder, estará disposto a tudo. E confirmará uma velha constatação da doutrina do Direito Penal: a menor consciência da ilicitude do crime continuado...