Uma nova estrela cintilante está a emergir na política europeia como há muitos anos não se assistia: Kaja Kallas, líder do Partido Reformista e Primeira-ministra da Estónia.
Kallas lidera um governo de coligação desde 2021 com base num programa económico liberal característico dos países bálticos, sendo a primeira mulher do país a chefiar o governo. Impostos baixos com taxas fixas e políticas pró-mercado são os ingredientes essenciais desses países ainda com uma memória viva do estatismo soviético.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, provocou um terramoto político particularmente sentido na Estónia e nos seus vizinhos bálticos. A inserção geopolítica da Estónia é péssima. Partilha fronteira terrestre e marítima com a Rússia, não tem barreiras naturais que a protejam, nem possui forças armadas com capacidade de resistir a um avanço russo. Pertencer à NATO é um imperativo existencial para a Estónia.
Desde a primeira hora da invasão russa que Kaja Kallas tem liderado o grupo de países que apoiam incondicionalmente a Ucrânia e tem defendido o reforço das capacidades militares da Europa e dos orçamentos nacionais em defesa através do aumento de impostos. Instada a comentar a sua contradição, Kallas afirmou: “Sempre defendi impostos baixos e agora estou a aumentá-los. Estou a cometer um suicídio político, mas não tenho alternativa, porque daqui a uns anos, se o cenário for mesmo muito negativo, o meu povo vai olhar para trás e pensar que talvez devêssemos ter pagado mais 10 euros de impostos por mês.”
A guerra na Ucrânia gerou uma circunstância propícia ao surgimento de verdadeiros estadistas, personalidades com visão do futuro, que pensam a longo prazo, que colocam o interesse nacional acima de qualquer outro, a começar pelo seu, e que remetem considerações eleitorais para segundo plano.
Kaja Kallas é a mulher mais odiada no Kremlin, mas o seu exemplo de coragem e determinação é digno de uma estadista. É uma inspiração para todos os que defendem a Liberdade e a Democracia.