O desenvolvimento dos Açores exige mais do que gestão do quotidiano. Exige ambição, coragem e ação determinada. Nas últimas semanas, vários temas, desde a crise demográfica à mobilidade, passando pelo combate à droga, vieram sublinhar a necessidade urgente de encarar os desafios com realismo e com sentido de futuro. É tempo de fazer mais, melhor e mais depressa.
Um novo modelo para os Açores
Nesse quadro, felicito o Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Luís Garcia, pela promoção atempada e pertinente do debate sobre “Os desafios da União Europeia e o Quadro Financeiro Plurianual 2027-2034”.
Temos de nos questionar: o modelo de desenvolvimento seguido nas últimas décadas ainda serve os interesses da Região? Os números dos Censos são claros — estamos a perder população. As dificuldades em fixar jovens e atrair talento ou investimento externo devem ser uma prioridade de combate político. Esta não é uma realidade que se resolve por decreto, mas também não podemos resignar-nos a um papel secundário. Para convergir com a média da União Europeia, os Açores precisam de ousadia, inovação e exigência.
Mobilidade, Acessibilidades e Coesão
Não há desenvolvimento possível sem acessibilidade. Nas comissões parlamentares em Bruxelas e no encontro com o Comissário para a pasta, debatemos o conceito de “pobreza de mobilidade” e as dificuldades acrescidas nas Regiões Ultraperiféricas. Um estudo recente do Parlamento Europeu recomenda reforçar as derrogações ultraperiféricas nas políticas climáticas e criar um programa específico de apoio aos transportes. A realidade açoriana exige soluções adaptadas, com uma visão de longo prazo.
Como se enquadra, por exemplo, a privatização opaca da SATA neste cenário? Continuamos sem respostas claras.
Crise Social: o silêncio que grita
Enquanto se discutem grandes temas, não podemos ignorar as feridas abertas na nossa sociedade. O consumo de drogas sintéticas nos Açores é uma emergência de saúde pública. O silêncio das autoridades é incompreensível e perigoso. Precisamos de uma estratégia séria, multidisciplinar e urgente — o sofrimento de tantas famílias não pode ser ignorado.
Recursos, prioridades e escolhas políticas
A autonomia política só é plena se for acompanhada por responsabilidade financeira. Hoje, estamos mais endividados e menos livres. As opções do atual Governo Regional, com a multiplicação de nomeações políticas e a má gestão das finanças públicas, são o espelho de um tempo em que a ambição deu lugar à propaganda. É uma escolha errada, que compromete o futuro.
E, finalmente, o desespero
A crise política nacional teve protagonistas claros. O PSD deixou-se arrastar pelo desespero pessoal do seu líder, ignorando o sentido de Estado. O País vai novamente a votos, não por falta de estabilidade, mas por falta de responsabilidade. A dignidade da política não pode ser moeda de troca por ambições pessoais.