Em tempos de redes sociais e exposição constante, muitos políticos parecem mais preocupados com a construção da sua imagem, do que com o bem-estar das populações que deveriam representar. O culto à imagem, sustentado por discursos ensaiados, selfies em eventos públicos e estratégias de marketing político, tornou-se uma ferramenta poderosa para conquistar votos, mas, perigosa, quando se sobrepõe às necessidades reais da sociedade.
Em vez de enfrentarem os problemas de frente, preferem disfarçar a realidade com promessas vazias e gestos simbólicos que geram likes, mas não geram mudanças.
O resultado é uma política superficial, onde a empatia é encenada e os compromissos são tão frágeis como um post no Instagram. A prioridade deixa de ser o povo e passa a ser a própria popularidade. Alguns líderes confundem visibilidade com eficácia, esquecendo que governar é servir e não apenas aparecer bem na foto.
Chegámos a um ponto em que muitos políticos parecem mais preocupados com a lente do telemóvel do que com os olhos da população, ou com o filtro do Instagram do que com o filtro da ética.
A política transformou-se, em muitos casos, numa arte de autopromoção, onde uma publicação bem editada tem mais impacto do que uma decisão bem tomada. E isso diz muito sobre a crise que atravessamos — não só política, mas também de exigência democrática.
Esta prática transforma a política num palco de vaidades, afastando os eleitores do essencial: a análise crítica das propostas.
A longo prazo, essa inversão de valores mina a confiança da população nas instituições democráticas e fomenta a desilusão com a política. É preciso que o eleitor reconheça e valorize políticos comprometidos com ações concretas, mesmo que discretas, em vez de se deixar seduzir por aparências.
Para mitigar esta tendência, é essencial que os eleitores desenvolvam uma postura crítica, avaliando não apenas a retórica e a presença mediática dos políticos, mas também, a coerência entre as suas promessas e ações. A promoção de uma cultura política, que valorize a substância sobre a aparência, é fundamental para fortalecer a democracia e assegurar que os interesses da população sejam devidamente representados e atendidos.
Hoje, muitos políticos medem as palavras como quem mede o número de reações no Facebook. Mas liderar é, por definição, escolher um caminho, mesmo que esse caminho exija sacrifícios e explique verdades que não cabem numa qualquer publicação nas redes sociais.
A política tornou-se, para alguns, uma passarela de egos, uma carreira pessoal mascarada de vocação pública. O compromisso que interessa é o de manter a imagem, manter os seguidores, manter-se no poder não importa como.
A política tem de deixar de ser um espetáculo. Tem de voltar a ser serviço.
Menos filtros, mais verdade. Menos pose, mais ação.
Que os próximos atos eleitorais sirvam para premiar a consistência, a seriedade e o trabalho de quem verdadeiramente se compromete com o bem comum, mesmo que não brilhe nos holofotes das redes sociais.
Que os eleitores saibam distinguir entre quem aparece e quem age, entre quem vende imagem e quem entrega resultados. A política precisa, urgentemente, de voltar a ser feita com substância, coragem e compromisso. Sem filtros.