O presidente do Governo dos Açores considerou, hoje, que o repatriamento para o arquipélago de emigrantes condenados pela justiça dos Estados Unidos constitui uma problema que deixará de se colocar "mais tarde ou mais cedo", devido à redução no fluxo emigratório e à progressiva integração social, no país, da comunidade açoriana.
Em declarações aos jornalistas depois de receber, no Palácio de Sant'Ana, em Ponta Delgada, o juiz Phillip Rapoza, presidente do Tribunal Superior de Recursos do Estado norte-americano de Massachusetts, Carlos César assegurou, no entanto, que, apesar dessa previsão, o seu executivo continuará a dedicar especial atenção ao apoio à integração social, na Região, dos cidadãos repatriados.
O chefe do executivo admitiu que, no actual cenário internacional, não é espectável uma mudança de posição das autoridades dos Estados Unidos nessa matéria, embora considere ser possível uma abordagem do problema, privilegiando, nomeadamente, uma integração regulamentada na comunidade americana dos emigrantes envolvidos em situações de deportação.
O presidente do Governo reconheceu que a problemática do repatriamento de emigrantes para os Açores tem implicações ao nível social e familiar, recusando a ideia de que constitua uma situação que caracterize a comunidade açoriana nos Estados Unidos.
Os açorianos contribuíram e contribuem para o desenvolvimento vários estados norte-americanos e o juiz Phillip Rapoza é um exemplo do sucesso que os emigrantes da Região têm conseguido nos EUA nas mais diversas áreas, considerou.
Carlos César referiu-se, também, ao empenho daquele magistrado na defesa dos portugueses nos Estados Unidos, destacando a importância do guia sobre os direitos dos emigrantes de que é autor. Sobre essa publicação, de que admitiu uma reedição actualizada, acrescentou que muitos repatriados teriam evitado a deportação se a tivessem consultado.
O juiz Phillip Rapoza, homenageado na última semana pela Câmara Municipal de Lagoa, concelho de que são originários os seus avós, referiu-se, por seu lado, aos progressos registados nos Açores e, numa referência à questão dos repatriados, considerou tratar-se de um problema "complicado" por respeitar não apenas à aplicação da lei, mas porque surge associado a problemáticas de natureza social e familiar, como alcoolismo e droga.
GaCS/AP