André Bradford apresentou esta quinta-feira à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, em nome do PS/Açores, o seguinte voto de congratulação, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:
VOTO DE CONGRATULAÇÃO
Eliseu tornou-se, no passado dia 17 de maio, o quarto açoriano campeão nacional de futebol, depois de Joaquim Teixeira, natural do Faial e jogador do Benfica e da Seleção Nacional nos anos 40, do também faialense Mário Lino, na época de 1966/67, e do micaelense Mário Jorge Fernandes, nas épocas de 1979/80 e de 1981/82, estes últimos ao serviço do Sporting Clube de Portugal.
Nascido a 1 de outubro de 1983, no Bairro do Lameirinho, freguesia da Conceição, cidade de Angra do Heroísmo, no seio de uma família de origem cabo-verdiana, Eliseu Pereira dos Santos cresceu para o futebol nas camadas jovens do Sport Clube Marítimo, mais vulgarmente conhecido por Marítimo do Corpo Santo e considerado como um “viveiro” de jogadores não só para os clubes de maior dimensão da ilha Terceira, como também no plano nacional e, em particular, para Os Belenenses, clube de que é filial.
Foi daí, e por ter dado nas vistas ao aliar a uma capacidade física assinalável uma notável habilidade técnica e um pé esquerdo de invulgar potência, que na época de 2002/2003 transitou para o Belenenses, clube onde, com um breve interregno de uma época, em que ganhou experiência profissional no Varzim, permaneceu até 2007, realizando mais de meia centena de jogos nas Primeira e Segunda ligas nacionais.
Seguiu-se a fase de internacionalização da sua já então bastante promissora carreira de extremo-esquerdo, com a sua contratação pelo Málaga. Começou por jogar na Segunda Liga espanhola, para, na época seguinte, e com a subida de divisão daquele emblema, se estrear na Primeira Liga, campeonato onde realizaria, em termos globais, mais de duzentos jogos, registando quase três dezenas de golos, tanto ao serviço do Málaga como, na época de 2009/2010, com as cores do Real Saragoça. Antes tinha também tido uma experiência de empréstimo à Lazio de Roma.
Fruto do seu empenho e do grau de projeção que atingiu num dos mais competitivos campeonatos do mundo, em fevereiro de 2009, foi chamado por Carlos Queirós à primeira equipa da Seleção Nacional Portuguesa, num jogo particular com a Finlândia, depois de ter sido internacional sub-20 e sub-21, por duas vezes. Conta presentemente com sete internacionalizações A e um golo ao serviço da equipa de todos nós.
Regressou a Portugal, em 2014, para realizar o sonho de representar o Benfica, seu clube de sempre. Fê-lo com a mesma alma com que sempre jogou, fosse no Municipal de Angra, fosse em Camp Nou ou no Olímpico de Roma. Fê-lo deixando sempre clara a sua satisfação por fazer o que gosta e a sua ligação permanente à terra que o viu nascer e que, com orgulho, faz sempre questão de mencionar.
Foi, também por isso, campeão nacional, numa época em que assumiu desde logo a titularidade do lado esquerdo do quarteto defensivo do Sport Lisboa e Benfica, apesar da concorrência, dos seus 31 anos e da necessidade de se readaptar ao futebol português, a um sistema exigente de jogo e à pressão dos resultados, dos adeptos e da imprensa. Ao longo do campeonato, fez 26 jogos a titular e marcou quatro golos.
Ainda em pleno relvado do Estádio Afonso Henriques, em Guimarães, terminado o jogo que acabara de garantir o título de campeão nacional, ergueu bem alto e depois pôs sobre os ombros uma vistosa bandeira azul e branca das nossas cores, num gesto de orgulho e reconhecimento, numa manifestação de identidade e de lealdade. Foi um açoriano que se sagrou campeão nacional! Um açoriano profissional de futebol, representando um clube nacional. Um açoriano que teve de deixar a sua terra de nascimento para poder tirar pleno partido das suas capacidades e que não vive nos Açores há 14 anos, mas um açoriano que fez questão de se rodear do símbolo maior da sua terra porque ela é – como todos nós sabemos – parte do que nós somos.
Assim, nos termos estatutários e regimentais aplicáveis, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, aprova um Voto de Congratulação pelo êxito desportivo e pelo título de campeão nacional de futebol de Eliseu Pereira dos Santos.
Do presente voto deve ser dado conhecimento ao próprio, à sua família, ao Sport Clube Marítimo e ao Sport Lisboa e Benfica.
Horta, sala das sessões, 18 de junho de 2015
Os Deputados