O líder do PSD Açores defraudou conscientemente as legítimas expetativas dos terceirenses anunciando como facto consumado a vinda das companhias low-cost para a Terceira quando afinal tudo não passava de uma informação mal soprada por uns amigos políticos sobre o desfecho de um processo negocial cujos contornos ele, apesar de se gabar de estar bem informado, sempre desconheceu.
Em julho, mandou chamar a comunicação social a um hotel de Angra para afirmar, vaidoso, que era seguro dizer-se que “a breve trecho, e em pouco tempo naturalmente, vamos ter a possibilidade de ter as low-cost na ilha Terceira”. Estavam “asseguradas todas as condições” para isso, acrescentou, para que não restassem dúvidas.
Os terceirenses esperaram e nada. Até que os responsáveis da Easyjet, primeiro, e o Presidente Executivo da Ryanair, depois, vieram publicamente garantir que não vão voar para a Terceira. No caso da Ryanair, não terá sido por falta de vontade, mas antes porque o Governo da República, de onde terá partido a inspiração para as declarações de Duarte Freitas, não aceitou uma proposta negocial da companhia.
Perante isto, devia ter surgido um pedido de desculpas do presidente do PSD Açores. Em primeiro lugar, aos terceirenses, que foram ludibriados com consciência por alguém que diz querer defender os seus interesses. E, depois, a todos os açorianos que esperam dos seus representantes políticos serem tratados com respeito e verdade, e não como eleitores crédulos, que hão-de acreditar em tudo o que der jeito a Duarte Freitas anunciar. Teria sido a única atitude nobre.
Em vez disso, foram brindados com novo truque de feira popular, próprio de quem não é capaz de assumir os seus erros e as suas fraquezas. Afinal Duarte Freitas nunca disse o que foi público e notório ter dito. Afinal era tudo uma questão de fé e esperança. Afinal “em pouco tempo” significa “um dia quem sabe” e “todas as condições” quer dizer “não há qualquer acordo”.
Em bom português, o que Duarte Freitas anunciou só muito ligeiramente tinha a ver com a verdade. É claro que a culpa agora, para o líder do PSD Açores, é do “jogo dos interesses comerciais” e de outras obscuras explicações que misturam negócios e política, mas que, mais uma vez, Duarte Freitas não está em condições de esclarecer devidamente. O desafio que o PS/Açores faz ao líder do PSD/Açores é este: esclareça quais são os interesses políticos que estão por detrás da não vinda das companhias aéreas low-cost para a Terceira. Todos – terceirenses e açorianos em geral – percebemos bem de quem é a culpa e que noção de responsabilidade e compromisso político tem o líder do PSD Açores.
Os açorianos sabem que o PS está, em muitas questões relevantes, distante do pensamento e das propostas do PSD Açores. Temos naturais divergências políticas e ideológicas e convivemos muito bem com isso, no âmbito do são debate democrático. Contudo, outra coisa bem mais grave, com a qual nunca pactuaremos, é com este tipo de política de anúncios ilusórios, feitos à custa dos anseios dos cidadãos, aproveitando as ondas de expetativa do momento. A esta política de publicidade enganosa diremos sempre não! Os açorianos sabem que podem contar, na governação como em toda a nossa ação política, com respeito, empenho e vontade de fazer sempre melhor. Também sabem que não inventamos facilidades, nem viramos a cara às dificuldades. Trabalhamos constantemente em prol da nossa terra e dos interesses do nosso povo. Enganamo-nos por vezes, mas não enganamos quem em nós deposita confiança.
A política do PSD de Duarte Freitas é um logro. Não precisa de ser verdade, só precisa de soar bem e ter potencial eleitoral. E não foi só com a questão da vinda das low-cost para a Terceira. Ainda recentemente tanto o Presidente do PSD Açores como a cabeça-de-lista às Legislativas anunciaram para a próxima legislatura reforços policiais, aumento dos apoios sociais e outros benefícios que durante toda a última legislatura os Açorianos reclamaram e não tiveram por parte do Governo da República. Será “muito brevemente” ou será “um dia quem sabe”?
A Autonomia dos Açores precisa de outro PSD, um PSD de palavra, de trabalho e compromisso, como aquele que ajudou a construir a Região que hoje somos, mas que entretanto os atuais dirigentes dispensaram e mandaram calar.
O PS Açores renova o seu compromisso de tudo fazer, com consciência e sentido de responsabilidade, para que seja possível concretizar a realização de voos de baixo custo de e para a ilha Terceira, sabendo, como sempre soube, que se trata de um processo que envolve múltiplos interesses e que, em última instância, depende sempre da vontade comercial das empresas envolvidas.