“Esta questão é muito importante, particularmente no contexto difícil das Regiões Ultraperiféricas, e o nosso entendimento da resposta europeia à crise é de que não poderá deixar de ter em conta as especificidades de todas as regiões, mas também das RUP e o agudizar das situações difíceis que elas já enfrentavam e que são aliás reconhecidas no contexto europeu”, afirmou a deputada socialista à Assembleia da República sublinhando que no atual contexto e “para salvaguardar a saúde das pessoas e o Serviço Regional de Saúde foi preciso adotar medidas que tiveram impactos imensos na economia e, por essa via, a nível social”.
Isabel Almeida Rodrigues, que falava na audição a eurodeputados do PS pela Comissão de Assuntos Europeus, referia-se assim à proposta apresentada esta semana pela França e pela Alemanha que, de um modo geral, foi saudada por todos, à exceção dos países frugais (Áustria, Dinamarca, Holanda e Suécia), relevando ainda o aspeto do plano de recuperação ser dirigido aos setores e às regiões mais afetadas, o que para a parlamentar socialista constitui “um elemento propulsor da resiliência, mas também da convergência e da competitividade”.
“O Partido Socialista olha para esta proposta como uma iniciativa muito positiva, porque interpreta a solidariedade europeia numa dimensão que nos parece importante, quer por um lado o reconhecer a dimensão da crise e dos seus efeitos, e por outro a necessidade de uma resposta conjunta e inovadora para estes tempos tão difíceis que a Europa atravessa”, afirmou a deputada.
Sendo certo que toda a Europa foi atingida pelos efeitos da COVID-19, Isabel Almeida Rodrigues sublinhou ainda a necessidade de se definir critérios no acesso aos fundos, inclusivamente “os fundos de recuperação que atendam a estas diversas realidades e que, sendo necessário conjugar a resposta à crise com a transição verde e com a transição energética, não deixe de ser tido em conta o esforço que antes da crise muitos Estados-membros e regiões realizaram nestas duas matérias”.
Lembrando ainda a questão das desigualdades que se agudizaram durante este período, a deputada referiu-se à educação e à qualificação como o mecanismo mais eficaz de combate à pobreza, sendo este o centro das preocupações, mas sem esquecer igualmente a questão das desigualdades de género: “O nosso entendimento é de que na resposta que a Europa der à crise não pode deixar de atender ao trabalho que já era antes necessário fazer para combater estas desigualdades e terá certamente agora de ter de ser intensificando”.
Já no que respeita à política agrícola a deputada considera que a “agricultura é um dos setores onde a questão da transição verde é central”, podendo beneficiar, e muito, das potencialidades que a transição digital pode representar para esta atividade.
Nesse sentido, Isabel Almeida Rodrigues questionou os eurodeputados socialistas quanto ao empenho do Parlamento Europeu na defesa da resposta adequada a estas propostas, nomeadamente no que respeita à Política de Coesão, à PAC e às desigualdades, “sem a qual nos parece que não será possível sair desta crise trilhando o caminho para o qual a Europa foi idealizada pelos seus fundadores, que é um caminho que pugna pela solidariedade, pela coesão e pela convergência entre todas as regiões e cidadãos da União Europeia”, afirmou a deputada.