“Somos um Partido que acredita na concertação social, somos um Partido reformista e somos, sobretudo, um Partido inconformado com a pobreza e apostado na solidariedade entre gerações e entre setores sociais”, garantiu Carlos César. O Presidente Honorário do PS/Açores destacou também o papel fundamental que o Partido Socialista e a Juventude Socialista tiveram na fundação da Autonomia dos Açores.
Carlos César, que falava na sessão de abertura da primeira edição da “Academia Geração” promovida pela JS/Açores na Ilha Terceira, partilhou com os jovens Açorianos alguns factos e circunstâncias que “ajudam a compreender aquilo que nós somos hoje: Uns Açores muito melhores do que aqueles que encontramos e com que nos fomos confrontando ao longo destas últimas décadas (…)”. Demonstrou como o Partido Socialista e a Juventude Socialista dos Açores “estiveram sempre presentes, foram sempre decisivos e participaram nas questões fundacionais da Autonomia que hoje temos”.
O Presidente Honorário do PS/Açores começou por recordar o cenário que se vivia nos Açores antes do 25 de abril: “Não havia autonomia e o poder local não tinha poder”; “Eramos a Região mais atrasada do País - que era o País mais atrasado da Europa” e “só as famílias que eram ricas tinham a possibilidade de financiar a deslocação dos seus filhos para prosseguirem os estudos no ensino secundário”. Em resumo, disse: “Chegamos ao 25 de abril com os Açores sem ser uma Região, com os Açores sem poder, sem democracia e longe do provimento das necessidades básicas”.
Com o 25 de abril abre-se um novo período – “o da constitucionalização da Autonomia Política e com o reforço do poder local” – no qual o PS também teve um papel crucial: “Insinua-se muito que o Partido Socialista não foi um Partido decisivo no período fundacional da Autonomia. Ora, a verdade – e parafraseando o Dr. Reis Leite – se nós temos Autonomia na Constituição isso deveu-se à circunstância de PS e PSD se terem entendido, prescindindo dos seus projetos próprios e encontrando um projeto comum que ficou plasmado na Constituição de 1976 (…)”.
Sobre o período do primeiro Governo Regional, Carlos César, considerou que “foi um ciclo muito prolongado”, que beneficiou do chamado “efeito maravilha”, ou seja, “não havia nada antes” e, com recurso a apoios comunitários e não só, a Administração Regional começou a “construir infraestruturas praticamente inexistentes”. Nesse período, recordou, o Partido Socialista viveu com grandes dificuldades já que “se propagava muito a ideia de que o partido Socialista era igual ao Partido comunista”.
Em 1996, quando o PS assume o poder na Região, lembrou que se vivia “uma situação de conflitos muito profundos e muito bloqueadores com a República, que a divida pública estava num crescendo muito forte, que praticamente não havia nenhuma atividade económica saudável e que havia uma subvalorização das políticas publicas relativas às desigualdades, à pobreza e ao serviço social”. Carlos César adiantou que foi o PS a dar um novo impulso aos Açores que deixaram de ser “a Região mais pobre do Pais, em 1995”, para serem, em 2012, “a 4ª Região mais rica do Pais”, melhorando no emprego, na convergência e na economia, entre outros aspetos.
Para Carlos César, em 2012, a Juventude Socialista dos Açores voltou a ser “decisiva” para a vitória do Partido Socialista e Vasco Cordeiro confirmou a capacidade que o Partido Socialista tem para “rejuvenescer a política”, para se renovar em termos de “pessoas”, “de ideias” e “de políticas”. Lamenta que o percurso que estava a ser feito tenha sido “estúpida e cruelmente interrompido com a crise pandémica”, mas destacou a atuação do Governo Regional, “que mais do que a maioria dos Governos, teve um desempenho extraordinário, que permitiu conter os efeitos terríveis que vimos, e continuamos a ver, em muitos outros lugares”.
Sobre os desafios que se colocam no futuro referiu, entre outros, o combate à pobreza, mas alertou para o problema de algumas estatísticas e atividades paralelas não traduzirem a realidade: “os Açores são menos pobres do que o que se diz e as famílias têm mais rendimento do que a estatística nos aparenta”.