A Secretária Regional dos Transportes e Obras Públicas destacou hoje, na Assembleia Legislativa, na Horta, a necessidade de “continuar a trabalhar para fazer com que todas as ilhas se desenvolvam e sejam capazes de dar resposta às solicitações de uma sociedade cada vez mais exigente”.
Ana Cunha, que falava num debate sobre transportes e acessibilidades, salientou que “é necessário continuar a realizar investimentos nos portos comerciais dos Açores para aumentar a capacidade de movimentação de cargas e a competitividade dos portos comerciais da Região”.
A titular da pasta dos Transportes afirmou ainda que o Governo tem de “continuar a investir nos aeródromos e aeroportos dos Açores para adequar a capacidade da rede aeroportuária à evolução da procura e proceder à requalificação e melhoria da eficiência e dos níveis de serviço na rede aeroportuária regional”.
Na sua intervenção, considerou ainda necessário “garantir o financiamento dos serviços públicos de transporte aéreo, marítimo e terrestre nos Açores, mantendo e reforçando as indemnizações compensatórias aos operadores diretamente associados ao cumprimento destas obrigações".
Ana Cunha referiu também ser "essencial continuar a capitalização e reestruturação de empresas estratégicas, prevendo uma intervenção pública, de caráter temporário, para a realização de operações de capitalização ou de reestruturação dessas empresas, para o relançamento económico e social da Região, em resultado das necessidades excecionais de financiamento para fazer face aos efeitos, diretos e indiretos, causados pela pandemia de COVID-19”.
É ainda intenção do Governo “reforçar a mobilidade aérea e marítima de passageiros e mercadorias entre as diversas ilhas dos Açores” e “promover cadeias curtas de distribuição na Região, aumentando a capacidade de armazenagem interilhas, promovendo uma maior integração entre as cadeias de produção e de distribuição existentes e o desenvolvimento de novas cadeias de abastecimento e distribuição de mercadorias de e para os Açores, como forma de utilização da rede de portos e aeroportos da Região, de forma eficiente e com redução de custos de contexto e de promoção da inserção do tecido produtivo nacional em cadeias de valor mais abrangentes”.
Para Ana Cunha, é também necessário “continuar a realizar investimentos na rede viária regional e em zonas adjacentes, ao nível da conservação, requalificação e beneficiação, como forma de reforço da segurança e conforto de todos os que circulam nas estradas regionais”.
Ana Cunha lembrou que estes são desafios que o Governo dos Açores tem pela frente num período em que ainda nos vemos confrontados com a pandemia de COVID-19, “à qual não ficámos imunes, era impossível ficar”.
A Secretária Regional salientou que, de 2019 para 2020, no período de janeiro a agosto, “o total de passageiros desembarcados nos aeroportos dos Açores passou de 1,2 milhões para 428 mil, o que representou uma diminuição de cerca de 64%, ou seja, pouco mais de um terço”.
Nos voos internacionais registou-se uma diminuição acentuada do número de passageiros desembarcados, na ordem dos 81%, enquanto nos voos territoriais houve uma redução de 66% e no interilhas uma diminuição de 59%.
“A tudo isto, a todas estas mudanças, a todos os imprevistos, a SATA tem sabido adaptar-se e responder às necessidades dos Açores e dos Açorianos”, afirmou Ana Cunha.
A Secretária Regional recordou palavras recentes do presidente da IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo, que referiu que a crise provocada pela pandemia de COVID-19 está a durar mais do que a maioria teria previsto e contestou o facto da Europa acreditar que a procura por serviços de transporte aéreo poderia recuperar no início de 2021 para níveis de 75% a 85% do verificado em 2019, classificando esta visão como muito otimista, tendo em conta as previsões no setor e a evolução do tráfego observada durante o pico desta época de verão”, salientando, como boa notícia, que “a velocidade, a precisão e a escalabilidade dos testes de despistagem da COVID-19 estão a melhorar rapidamente, o que pode facilitar a realização de viagens, e acrescentou a necessidade de os governos terem de exercer uma liderança global coordenada para administrar os riscos de abrir fronteiras e o mundo poder começar a mover-se novamente.
Ana Cunha abordou ainda a situação financeira do Grupo SATA e o seu "extraordinário agravamento em função deste surto", assim como "a importância do Grupo SATA para a economia da Região”, que “justificaram o desencadear, por parte da Região, de um processo de notificação, junto da Comissão Europeia, para a concessão de um auxílio de emergência", que foi objeto de decisão favorável a 18 de agosto e que está previsto "assumir a forma de garantia de Estado a um empréstimo de 133 milhões de euros”, acrescentando que, na sequência desta decisão, “segue-se o prazo de seis meses para trabalhar e apresentar um plano de reestruturação do Grupo SATA”.
Para a Secretária Regional, “o trabalho pela frente é muito, sem dúvida, mas é um trabalho que nunca fez nem fará vacilar este Governo".
"É, aliás, o que nos move, porque os Açores e os Açorianos, para nós, estão e estarão sempre primeiro”, frisou Ana Cunha.
(GaCS)