No âmbito das Jornadas Parlamentares do PS/Açores, realizadas em Angra do Heroísmo, foi dinamizado um debate sobre “Serviço Regional de Saúde e COVID-19: entre a falácia do colapso e a realidade da resiliência”, que permitiu avaliar o que foi feito nos últimos anos, a resposta à pandemia e debater a conjuntura em que vai ser executado o Plano e Orçamento de 2021.
O debate contou com a participação do especialista Adalberto Campos Fernandes, de Carlos Arruda (Provedor do Utente da Saúde), Margarida Moura (Responsável da Ordem dos Médicos), Pedro Soares (Responsável da Ordem dos Enfermeiros) e com Raul Rego (Presidente do Centro de Oncologia dos Açores). Tiago Lopes, moderador do debate, realçou que “os problemas no setor da saúde são globais e sistémicos, não sendo únicos no Serviço Regional de Saúde”, como foi também aqui afirmado também pelo Prof. Doutor Adalberto Campos Fernandes.
Este último orador, recordou Tiago Lopes, defendeu “uma nova geração de políticas públicas” com vista a “melhorar a equidade, promover a saúde, colocando o cidadão no centro do sistema e reforçando a confiança”, num contexto como o atual em que “vivemos tempos de grande incerteza”, mas que também “nos mostraram que é possível reagir e construir um mundo mais solidário e menos desigual”.
No caso concreto do Serviço Regional de Saúde, acrescentou o deputado do PS/Açores, no balanço do debate, “a Pandemia provocada pela COVID-19 foi extremamente desafiante para o Serviço Regional de Saúde e, se não fosse todo o trabalho de capacitação realizado ao longo dos últimos anos bem como o inexcedível empenho e dedicação dos seus profissionais, não teríamos tido a capacidade de resposta demonstrada, muito longe do colapso afirmado pelo Secretário Regional da Saúde e Desporto”.
Tiago Lopes adianta, ainda que, também os outros oradores referiram “a relação entre utentes e profissionais de saúde, a valorização e fixação destes últimos como aspetos importantes a melhorar, de modo a dar continuidade à evolução do Serviço Regional de Saúde, bem como a necessidade de olhar os cuidados de saúde para lá da COVID-19”.
Durante o debate, alguns deputados questionaram os palestrantes relativamente às verbas alocadas na proposta de Plano e Orçamento de 2021, no que concerne aos incentivos à fixação de profissionais de saúde e à retoma da atividade assistencial, no entanto, afirma Tiago Lopes, “ficou evidente que as ordens profissionais não foram auscultadas durante a fase final da elaboração destes documentos”.
Outro dos temas abordados foram os rastreios oncológicos, cuja exemplaridade dos programas, foi reconhecida também pelo Presidente do Centro de Oncologia dos Açores. Para Tiago Lopes, “os quatro programas de rastreio existentes possuem taxas de cobertura geográfica inigualáveis no todo nacional e taxas de participação crescentes ao longo dos últimos anos”. Também mereceu destaque o Programa de Intervenção no Cancro da Cavidade Oral nos Açores – PICCOA – que beneficia da aposta feita ao longo dos últimos anos, na capacitação de profissionais para o Serviço Regional de Saúde com a contratação de médicos dentistas para as Unidades de Saúde de Ilha da Região”.
“A verdade é que ao longo dos últimos anos o Serviço Regional de Saúde teve um significativo investimento no que concerne ao desenvolvimento do sistema de saúde, na ampliação, remodelação e beneficiação de infraestruturas, no apetrechamento, na modernização e nas tecnologias de informação na saúde, bem como na formação de profissionais de saúde, aspetos estes que não deveriam ser descurados na presente proposta de Plano e Orçamento”, alertou Tiago Lopes.