A deputada do Partido Socialista dos Açores à Assembleia da República, Lara Martinho, defendeu a importância de se preparar as empresas portuguesas, de Norte a Sul, dos Açores à Madeira, para o fim da situação pandémica e o regresso à retoma económica.
A vice-presidente do GPPS, que interpelava o Ministro dos Negócios Estrangeiros, no decurso da audição parlamentar na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, lembrou que, para esse fim, o recém-criado Programa Internacionalizar 2030 “tem de dar uma resposta e um apoio efetivo às empresas”.
Assim, e questionando Augusto Santos Silva a parlamentar perguntou quais as medidas específicas previstas neste programa para “responder aos desafios colocados pela pandemia à atividade exportadora e à angariação de investimento”.
Ainda no decorrer da audição, Lara Martinho mencionou a política comercial europeia, como sendo uma das áreas que pode dar um importante contributo para a recuperação da pandemia de COVID-19, mas também para a transformação ecológica e digital da economia europeia, “com a ambição de criar uma Europa mais forte e uma Europa mais resiliente no mundo”.
“Mais de 30 milhões de empregos na União Europeia dependem das exportações para fora da União e prevê-se que 90% do crescimento mundial futuro se verifique fora das fronteiras da Europa”, recordou a deputada socialista, que questionou o Ministro quanto às negociações dos acordos comerciais com o México e com o Mercosul.
A finalizar, Lara Martinho lembrou ainda a realização da cimeira entre a União Europeia e os EUA, que se prevê que ocorra ainda durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, para destacar o relevante passo na aproximação entre os dois lados do Atlântico, considerando ser um importante sinal “de que a UE pretende aproveitar o arranque da presidência de Joe Biden para restabelecer a aliança e fortalecer” a cooperação transatlântica”.
Nesse sentido, a deputada quis ainda saber quais as perspetivas europeias, mas também portuguesas, em relação a esta cimeira, especificamente no que se refere à vertente comercial e apoio à recuperação económica.
Em resposta, Augusto Santos Silva recordou o “reforço da autonomia da estratégia da Europa aberta ao mundo” como sendo a terceira grande prioridade da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, sublinhando que a realização das cimeiras internacionais que irão ocorrer “mostra bem essa abertura ao mundo e o equilíbrio na abertura ao mundo que nós procuramos que a Europa tenha”.
Considerando o importante desenvolvimento na relação entre UE e China durante a presidência alemã, o Ministro referiu a importância de se potenciar agora o desenvolvimento da Europa com outras regiões importantes e que são parceiros essenciais da própria União, mencionando assim a realização da cimeira UE – Índia, no próximo dia 8 de maio, a realização, a 7 de junho e por videoconferência, da cimeira UE - América Latina e, a 14 de junho, a realização da cimeira entre a UE e o presidente norte-americano, Joe Biden, de forma presencial.
Referindo já terem obtido a suspensão das retaliações recíprocas entre a UE e os EUA, Augusto Santos Silva destacou ainda a importância do dia de hoje: “Hoje é o dia em que o Parlamento Europeu aprova um novo acordo de cooperação e comércio com o Reino Unido, mas também pela importância do relançamento das negociações económicas com a Índia e os avanços que nós esperamos ser possível realizar no acordo com o Mercosul, com a negociação de um instrumento clarificador em relação ao texto acordado em julho de 2019, e também a conclusão do processo negocial com o México”, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Ainda em resposta à deputada socialista, o Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, referiu que o Programa Internacionalizar 2030 foi pensado a duas velocidades no período pré-covid, mas que a pandemia obrigou a uma profunda alteração nas medidas de resposta rápida, atendendo agora ao “financiamento e risco, à promoção digital, com a primeira feira exclusivamente digital e ajustamento dos projetos de internacionalização das associações empresariais, e à marca Portugal, ‘Portugal open for business’, que demonstra que a economia portuguesa estava aberta num momento particularmente difícil”. Na ocasião, Eurico Brilhante Dias recordou ainda que Portugal foi considerado segundo “Marca País” mais relevante da Europa, facto que, conforme assegura, se “deveu ao país ter conseguido responder à pandemia”.