Célia Pereira apelou esta terça-feira ao Governo Regional para “agir mais e reagir menos na prevenção e combate às dependências”, temendo a ausência de visão e estratégia, característica deste governo.
A deputada socialista falava na cidade da Horta, onde decorre o plenário do Parlamento Açoriano.
Célia Pereira apelou ao Executivo de Bolieiro que seja “mais proativo” nesta matéria e salientou que o atual estado desta área denota uma “ausência de estratégia e planeamento verdadeiramente articulados e integrados”, exemplificando com a “retirada à Direção Regional de Prevenção e Combate às Dependências da tutela da prevenção e da Saúde Escolar”.
Para Célia Pereira, o agudizar deste flagelo exige “reforço e inovação nas respostas a desenvolver”.
A parlamentar do PS questionou se foi aplicado o “Sistema de Vigilância de Comportamentos de Risco”, uma das formas de monitorização das dependências nas escolas, solicitando ainda “os dados resultantes dessa monitorização, na Região”.
Célia Pereira frisou que passados quase 2 anos de governação é “omissa a tão apregoada Estratégia Regional e da proposta do Plano de Prevenção das Dependências 2021/2024, sobre a qual mais nada se soube” e recordou que na anterior legislatura “foi feito um investimento na formação e capacitação dos profissionais deste setor” e “foram muitas as medidas e boas práticas implementadas”.
A título de exemplo, a parlamentar recordou a criação, pelo anterior Governo suportado pelo PS da “Rede de Referenciação/Articulação no âmbito dos Comportamentos Aditivos e das Dependências e da criação das Redes Locais de Intervenção, em todos os 19 Concelhos da Região”.
Do ponto de vista prático, Célia Pereira sinalizou que “até à anterior legislatura, todos os doentes referenciados eram devidamente encaminhados em tempo útil para as comunidades terapêuticas” e “não havia listas de espera como agora”.
A deputada do GPPS criticou este Governo por “encerrar o Solar da Glória, que tinha 10 camas para desabituação e 20 camas para Comunidade Terapêutica, eliminando e descontinuando as respostas da Região a este flagelo”.
Célia Pereira focou-se também na questão do combate ao tabagismo que era feito nas escolas e Unidades de Saúde de Ilha, um programa “cujo impacto conseguiu que, entre 2014 e 2018, o consumo de tabaco registasse uma descida de 6,4% na Região”, afirmando “desconhecer o que é que o atual Governo está a fazer neste domínio”.
Sobre os consumos das novas substâncias psicoativas, vulgarmente chamadas de drogas sintéticas, a deputada do PS expressou a sua preocupação com o facto da Região representar, atualmente, “cerca de 1/3 dos consumos no todo nacional”, um flagelo que se tem “agudizado significativamente nos últimos dois anos”.
“Com o aumento do consumo destas substâncias, tem aumentado a violência em geral e a violência doméstica em particular. Aliás, o grau de violência aumentou de modo assustador. Que tipo de reforço de apoio às famílias e que medidas teve este Governo para alívio e redução do impacto nas famílias com toxicodependentes?”, questionou Célia Pereira, sem obter, no entanto, resposta do Governo Regional.