O Partido Socialista dos Açores defendeu, esta quinta-feira, que o Solar da Glória volte a ser utilizado enquanto espaço de combate às dependências na Região, assinalando, para esse efeito, o aumento do número de casos relacionados com dependências no arquipélago e a falta de resposta que pode ser dada ao nível do número de vagas existentes no continente.
Para Carlos Silva, membro do Secretariado Regional do PS/Açores, o Centro de Reabilitação Juvenil dos Açores, que funcionou no Solar da Glória até há bem pouco tempo, “era um espaço fundamental para que os jovens, cujos comportamentos aditivos ditam a necessidade de internamento, o possam fazer na Região, sentindo-se, à partida, em casa, perto das suas famílias, o que contribuiria, também, para uma melhor integração na comunidade”.
Mas, conforme acrescenta, “o encerramento deste Centro representa, também, um retrocesso no caminho que vinha a ser desenvolvido e um problema gravíssimo face ao crescente aumento no número de casos”. De acordo com o socialista, acresce ainda a falta de resposta no número de vagas disponíveis que pode ser prestada a estes jovens em estruturas do continente.
Criticando, assim, o encerramento do Centro de Reabilitação Juvenil dos Açores, e consequente cedência do imóvel à Vice-presidência do Governo, espaço que foi inaugurado em novembro de 2019, e que em apenas um mês de funcionamento tratou “14 jovens utentes que cumpriram com sucesso um programa de desabituação”, Carlos Silva questiona quanto ao futuro dos jovens Açorianos “que por via de uma dependência, ficam agora sem espaço, na Região, para poderem cumprir os seus tratamentos”.
“Esta é uma matéria na qual é preciso agir mais e reagir menos. É preciso uma visão estratégica e planeamento verdadeiramente articulados e integrados e com o encerramento do Solar da Glória foram eliminadas e descontinuadas as respostas da Região a este tipo de flagelo”, refere o socialista.
Referindo que o Solar da Glória foi dotado de “uma unidade de desabituação com 10 camas para o tratamento da síndrome de privação através de internamento programado de curta duração (7 a 15 dias) e uma comunidade terapêutica com 20 camas, visando um tratamento de longa duração (3 a 12 meses), em espaço residencial promovendo a reabilitação biopsicossocial através dos vários programas terapêuticos”, Carlos Silva realça ainda a incoerência do atual Governo Regional nesta matéria.
“Este Governo de coligação num dia diz estar preocupado com as dependências, mas depois, com decisões como estas, prescinde de um imóvel afeto ao Centro de Reabilitação Juvenil dos Açores. Estamos a assistir, isso sim, a mais uma luta pelo poder no Governo, com a Vice-presidência a decidir sobre um imóvel afeto à área da Saúde e a querer transformá-lo numa Estrutura Residencial para Idosos”, afirma Carlos Silva.
Reconhecendo, nessa matéria, a necessidade de se encontrar respostas para a falta de vagas em lares de idosos na Região, Carlos Silva considera “existirem outros imóveis que podem ser utilizados para esse fim, não tendo de ser, necessariamente, o Solar da Glória, nem que essa procura deva ser feita à custa das dependências”.
Para o socialista, membro do Secretariado Regional, “com essas lutas, quem perde são as famílias Açorianas, que são, agora, obrigadas a procurar ajuda no exterior da Região, um facto agravado pelo corte nos apoios para os tratamentos”.