O Secretariado de Ilha do PS/Terceira manifestou, esta quarta-feira, a sua preocupação com a redução “significativa e sem precedentes” que a proposta de Plano de Investimentos para 2023 representa para a ilha, reduzindo “em 40% o investimento público previsto face a este ano”, numa proposta que é “a mais baixa dos últimos 10 anos”.
Segundo Marília Vargas, do Secretariado de Ilha do PS/Terceira, “o Governo Regional quer, no próximo ano, cortar 83,3 milhões de euros no investimento orçamentado para a Terceira”, o que, a comparar com o ano de 2020, último ano de Governo da responsabilidade do Partido Socialista, representa “uma diminuição de 97 milhões de euros e um corte de 44%”.
Mas, conforme acrescenta a socialista, e para além desta proposta regredir em 10 anos o nível do investimento público na ilha, regista-se, também, que a redução prevista “é maior e mais acentuada do que aquela que se verifica no conjunto das outras ilhas”, contribuindo para que a Terceira venha a perder peso no contexto regional.
“Desde 2018, a ilha Terceira tem beneficiado da afetação de 21% do investimento regional. No próximo ano, o Governo do PSD/PP/PPM destina à Terceira apenas 16% do investimento regional, ou seja, iremos perder, também, importância na distribuição do investimento da Região”, assegurou a socialista, para manifestar que com esta desvalorização “a Terceira está a ficar para trás, abandonada e esquecida pelo PSD/PP/PPM”.
Marília Vargas, que falava em conferência de imprensa do PS/Terceira, assinalou, ainda, a baixa capacidade deste Governo na execução dos investimentos previstos, salientando, a esse respeito, que de acordo com o Relatório de Execução do Plano de Investimentos deste ano, divulgado a semana passada, esta é “a mais baixa taxa de execução dos últimos 5 anos: apenas 47% do orçamentado até ao final de setembro”.
Alertando para o facto de esta ser uma das últimas oportunidades de o Governo Regional poder iniciar investimentos estruturantes para a Ilha, Marília Vargas lamentou que o atual Governo “não vá concretizar um único novo investimento estratégico, em termos económicos e sociais, na Ilha”, limitando-se, isso sim, “a concluir ou a dar continuidade aos investimentos planeados e projetados pelo anterior Governo”.
Referindo, a este propósito, que os compromissos para a Terceira, assumidos pelo PSD/CDS-PP/PPM continuam esquecidos e ausentes do Plano de Investimentos, Marília Vargas assinalou os diversos compromissos que a atual coligação, no passado, exigia a sua concretização, e que hoje se remete ao silêncio: “a ampliação do Porto da Praia da Vitória e a plataforma logística, o cais de cruzeiros, a ampliação da placa do Aeroporto, na parte civil, o investimento regional na descontaminação dos solos e aquíferos, o investimento na reabilitação das estradas regionais, os centros interpretativos do Algar do Carvão, da Base das Lajes e do Castelo São João Batista, o início da construção do SEEMBO e da recuperação dos claustros das Igrejas dos Concepcionistas e de St. António dos Capuchos, mas, também, a construção do acesso norte ao Hospital, a proteção das orlas costeiras em São Mateus e Porto Judeu, a reabilitação das grotas e ribeiras a jusante da cidade de Angra e na encosta sudoeste da serra de Santa Bárbara, a construção de reservatórios para abastecimento de água na zona oeste do concelho de Angra, a reabilitação das habitações degradadas da urbanização da Terra-Chã, a construção de centros comunitários ou centros de dia para idosos nas freguesias e a ausência de investimentos na área da infância (creches e ATL) na zona noroeste da Ilha”.
“Estes são apenas alguns exemplos de investimentos esquecidos, e de necessidade, a que o próximo orçamento da Região não dá resposta”, referiu a socialista, para salientar, ainda, que o Plano de Investimentos não permite a conclusão de investimentos já iniciados na anterior legislatura, como a ampliação e requalificação do Porto de Pipas, e contribui para a extinção de investimentos estruturantes como o Terceira Tech Island.
Reforçando que este é o pior Plano de Investimentos, desta década, para a Ilha Terceira, a socialista lamenta, ainda, que o Governo Regional insista em manter, mais um ano, “as empresas Terceirenses sem acesso a apoios a investimento, inovação, competitividade e exportação, agravando, assim, as suas dificuldades perante a conjuntura adversa que se consolida”.
Na ocasião, Marília Vargas destacou, também, a redução da dotação na área do “Desenvolvimento turismo, mobilidade e transportes aéreos e marítimo”, para apenas 10% do total da Região, dos transportes terrestres, incluindo rede viária, para apenas 4% do investimento regional e, para a concretização do objetivo “Um futuro mais digital e ecológico ao serviço da sociedade do conhecimento”, reduzindo a apenas 13% da dotação regional.
“Por tudo isto, os Terceirenses, independentemente das suas opções partidárias, não aceitam o esvaziamento da nossa ilha, não aceitam o desinvestimento previsto, não aceitam que este Governo, depois de muito falar e anunciar, afinal, se acabar o seu mandato, não irá concretizar um único novo investimento estruturante na Terceira, nem criar um único novo projeto de desenvolvimento e de crescimento, tendo se limitado a destruir e a abandonar muito do que de bom estava sendo concretizado”, lamentou a socialista.