Os Vereadores do Partido Socialista à Câmara Municipal de Ponta Delgada votaram contra, esta quarta-feira, o Relatório e Contas da autarquia relativo ao ano de 2022, por considerarem que “as ações do executivo durante o último ano foram apenas a continuidade da estratégia falhada dos anteriores elencos camarários”.
A este propósito, os socialistas destacam a imposição de internalização da empresa municipal Cidade em Ação que, segundo referem, “não só trouxe dívida avultada para a Câmara Municipal no valor de 13 milhões de euros, como também incrementou os encargos financeiros (juros) em mais 200 mil euros anuais”, marcando, desta forma, negativamente o exercício de 2022, a par dos trabalhos na obra do Mercado da Graça, “no qual continua a ser necessária uma intervenção que permita melhorar as condições de quem lá trabalha, faz as suas compras ou visita o espaço”.
“A obra do Mercado da Graça teve de ser suspensa pelos motivos já bastas vezes aduzidos, mas que ainda aguardam explicações a decorrer no âmbito de outras instâncias, e cujo debate público levou, inclusive, à demissão da presidente da Assembleia Municipal”, relembrou o Vereador André Viveiros, para destacar os prejuízos evidentes que daí resultaram para o orçamento desta Câmara Municipal, “num valor presumível de mais de meio milhão de euros”.
Para André Viveiros, quando se perspetivava um projeto de ordenamento urbanístico e uma marca arquitetónica para o centro da cidade, depois de estudos e projetos falhados, uma obra que se previa de três milhões de euros “quedou-se por singelos arranjos de pavimentos que ficaram pela administração direta e por 150.000 euros”.
Revelando que contavam com uma maior concretização da autarquia, no ano passado, em áreas como a Habitação, Educação e mobilidade urbana, que permitissem um novo modelo de desenvolvimento do concelho, os Vereadores socialistas salientaram o fraco investimento ao nível do plano de habitação, cifrando-se em cerca de 130 mil euros, “valor que ficou aquém dos valores previstos na estratégia local de habitação para o primeiro ano de implementação, 2022”.
Já em matéria de educação, e para além de reparações necessárias de obras de manutenção das escolas do concelho, André Viveiros considerou não se ter procedido à realização da obra prevista de ampliação e reabilitação da Escola EB/JI de Fenais da Luz, no valor de 370 mil euros, nem tão pouco avançado com as obras de intervenção nas Feteiras, em resposta às intempéries que assolaram a freguesia.
“Na área do desporto foram assumidas em plano obras de intervenção em dois campos de futebol, nas freguesias de S. Roque e Santo António, mas em rigor, em 2022, não se realizou nenhuma das intervenções”, avançou o Vereador socialista.
Segundo André Viveiros, “o Presidente da Câmara percebeu, afinal, que o Plano que elaborou não foi aquele que desejou executar, uma vez que foi colocado perante a realidade e a herança recebida, constatando, por vezes, que afinal tudo era diferente, como foram os casos do Coliseu e do Mercado da Graça, autênticos logros que atestam o mencionado”.
“Ficou evidente que o atual elenco governativo na autarquia só se pode queixar de si próprio”, defendeu André Viveiros, para salientar que os Vereadores socialistas “só podem votar contra os documentos quer pelo que fez, e, naturalmente, pelo que não fez!”.