O presidente do Comité das Regiões, Vasco Cordeiro, encontrou-se em Kyiv com o Presidente da Ucrânia e transmitiu-lhe que, mais do que "razões geopolíticas ou estratégicas", o país está lutar pelos valores da União Europeia (UE).
Já várias vezes foi dito que a Ucrânia está a lutar pela Europa. Eu acho que não se tratam apenas de razões geopolíticas ou estratégicas. É, acima de tudo, sobre valores, sobre princípios", sustentou Vasco Cordeiro, depois de um encontro com Volodymyr Zelensky, na capital ucraniana, numa intervenção enviada à Lusa.
A deslocação a Kyiv do presidente do Comité das Regiões ocorreu no âmbito da apresentação de uma aliança europeia de municípios e regiões para a reconstrução do país.
De acordo com uma nota enviada à Lusa, a delegação do Comité das Regiões foi convidada à viajar até Kyiv pelas autoridades ucranianas, na sequência da Cimeira Internacional dos Municípios e Regiões.
O presidente do Comité das Regiões acrescentou que as cidades e regiões de toda a UE "e de todo o mundo podem não ter o poder de trazer armas e munições" - aquilo que a Ucrânia tem incessantemente pedido a todos os países que estão desde 24 de fevereiro de 2022 a apoiá-la contra a invasão da Federação Russa.
Contudo, sustentou Vasco Cordeiro, há um "papel que as comunidades locais e regionais estão a desempenhar, e podem desempenhar, não só acolhendo as pessoas que tiverem de abandonar" o país na sequência da invasão russa, "mas também reforçando as parcerias que são necessárias para enfrentar esta difícil situação e resolver os problemas que persistem".
Por isso, prometeu a disponibilidade do Comité da Regiões para ajudar a consolidar "a existência de um governo local e regional democrático, devidamente financiado e respeitado".
"A Ucrânia será, tal como outros países candidatos, um membro de pleno direito da União Europeia. Nesse contexto, muitas áreas podem ser usadas para expressar esta parceria, mas uma delas é exatamente o aspeto do desenvolvimento de capacidades. A oportunidade de fortalecer o governo local na Ucrânia", completou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Fonte: LUSA