Como se veio a comprovar pelo esclarecimento posterior do Governo Regional, as declarações feitas na passada terça-feira pela Secretária Regional da Saúde e Desporto, no Parlamento dos Açores, de que a dívida do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) a fornecedores teria atingido os 145 milhões de euros a 31 de dezembro de 2020, eram incorretas, o que demonstra um total desconhecimento e completa falta de noção dos números e das contas do maior hospital da Região.
Factualmente, em 2020, sem esquecer ter sido o ano do maior impacto da Pandemia, a dívida do HDES a fornecedores rondava os 79 milhões de euros, fruto dos custos acrescidos com a Pandemia de COVID-19, contando, contudo, com um valor de caixa e depósito, à ordem, de cerca de 14,6 milhões de euros. Números muito diferentes dos 145 milhões erroneamente avançados pela Secretária Regional da Saúde e Desporto.
Aliás, a intervenção da Secretária Regional da Saúde e Desporto claudicou em três pontos essenciais:
Primeiro, é necessário relembrar que em 2020 foram realizadas despesas que vieram a ser comparticipadas por fundos comunitários apenas recebidos em 2021, o que contribuiu, de forma inegável, para o decréscimo da dívida a fornecedores verificado em 2021.
Acresce que, conforme se pode verificar nos dados mais recentes, o valor em dívida a fornecedores dos três hospitais no 3º trimestre de 2022 atingiu os 121 milhões de euros, ultrapassando em 5,5 milhões de euros o valor registado em 2021, faltando ainda apurar o 4º trimestre de 2022.
Segundo, no que concerne às contas dos três hospitais, o que não foi referido pela Secretária Regional da Saúde e Desporto, foi a enorme degradação das contas que se verifica atualmente.
Com referência ao 3º Trimestre de 2022, os resultados líquidos do conjunto destes três hospitais são negativos representando uma degradação de 13,6 milhões de euros em relação ao período homólogo de 2021 e de cerca de 15 milhões de euros em relação a 2020.
Este agravamento é ainda mais acentuado quando se analisa o passivo total que, no 3º trimestre de 2022, ultrapassou os 170 milhões de euros aumentando em mais de 20 milhões de euros em relação a 2021.
Terceiro, a Secretária Regional da Saúde e Desporto não esconde a redução no Orçamento para 2023, de cerca de 5 milhões de euros, face a 2022, para os três hospitais da Região, redução essa que contribui, certamente, para agravar a situação da dívida a fornecedores.