Francisco César avançou que o Partido Socialista irá apresentar uma proposta na Assembleia da República no sentido de que seja realizado um estudo, que envolva todas as entidades com responsabilidade em matéria de dependências, para que se compreenda, detalhadamente, o fenómeno na Região.
O vice-presidente do GPPS, que intervinha na comissão parlamentar, no âmbito da audição ao diretor-geral do SICAD, sobre a situação das Regiões Autónomas referidas no Relatório Anual referente a 2021 sobre a situação do país em matéria de drogas e toxicodependências, apelou a que o Parlamento aprove a realização de um estudo, que terá de envolver entidades nacionais e regionais, “desde as forças de segurança, o Ministério da Saúde e todas as que tenham responsabilidade nessas matérias”.
De acordo com o socialista, e sendo esta uma realidade comum aos dois arquipélagos, o problema é mais notório no caso dos Açores, “em que o consumo de droga está acima da média nacional, e acima da média registada na Madeira, não apenas nas denominadas drogas sintéticas”.
“Na ilha de São Miguel, por exemplo, as drogas sintéticas são quase um problema de saúde pública”, assegurou o parlamentar, para manifestar “o tráfico descontrolado”, inclusive “junto às escolas”.
Sublinhando que as competências da prevenção, tratamento e abordagem são da exclusiva responsabilidade da Região, Francisco César manifestou a sua preocupação com os dados de consumo no arquipélago, sendo, de acordo com o relatório referente a 2021, “a região do país que mais consome”.
“Os números que aqui temos são referentes a 2021, com um enviesamento natural por causa da pandemia, mas, olhando para a realidade Açoriana, agora em relação à do ano passado, posso dizer que notamos quase uma duplicação visível nas ruas”, assegurou o socialista.
A este propósito, o deputado socialista eleito pelos Açores à Assembleia da República apontou as principais preocupações relatadas pelas forças de segurança na Região, para frisar que devido às suas características insulares “o regular abastecimento das drogas tidas como tradicionais na Região não é seguro”, havendo, por isso, “uma transição muito rápida para outro tipo de drogas”.
Por outro lado, e já no caso da cannabis, cujo cultivo se faz também na Região, “o que acontece é que sempre que “a GNR ou a PSP, sobretudo nas ilhas mais pequenas, faz grandes apreensões, há, imediatamente, um escalar do consumo destas substâncias, com problemas de saúde pública, de segurança pública, de evacuações médicas porque há certas ilhas que não estão preparadas para um aumento exponencial de casos”.
Nesse sentido, Francisco César questionou o diretor-geral do SICAD quanto à colaboração que o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências tem mantido com a Região.