Na passada terça-feira, a freguesia da Ribeira Quente viveu, uma vez mais, uma situação difícil, tendo ficado, por diversas horas, isolada por força das derrocadas que tornaram intransitável o único acesso viário à freguesia. Estima-se que várias dezenas de pessoas tenham ficado impedidas de regressar às suas casas, entre as quais diversas crianças.
Os açorianos em geral, e os micaelenses em particular, têm demonstrado ao longo dos anos possuir uma forte cultura de proteção civil sendo, por isso, de saudar as dezenas de trabalhadores das administrações públicas regional e local que, nestes momentos mais exigentes, constituem a linha da frente na reposição da normalidade bem como nos cuidados prestados a todos quantos veem a sua vida afetada pela intempérie.
Se, por um lado, é de enaltecer o trabalho realizado ao longo de muitas horas para repor o acesso à freguesia da Ribeira Quente, não deixa, no entanto, de causar estranheza a situação denunciada ontem pelo Presidente da Câmara Municipal da Povoação quanto à “total ausência de informação” por longas horas por parte das autoridades regionais competentes.
“O Presidente da autarquia é, como todos sabemos, o principal responsável pela Proteção Civil municipal. Num cenário em que temos uma freguesia isolada e sem eletricidade há várias horas, em que existem dezenas de pessoas, entre as quais diversas crianças, a aguardar para regressar às suas casas, é, no mínimo, surpreendente que as autoridades regionais estejam sem contatar, durante várias horas, com o responsável máximo pela Proteção Civil municipal. Nestas ocasiões, é não só desejável como necessário que os membros do Governo, no caso, responsáveis pelas obras públicas mantenham um canal permanente de comunicação com os autarcas por forma a que estes possam não só contribuir para o esclarecimento da opinião pública como, igualmente, mobilizar todos os meios necessários e articular devidamente os cuidados que estão a ser prestados às pessoas afetadas. Incompreensivelmente, isto não aconteceu e é importante que situações destas não se repitam no futuro”, alertou o Secretário Coordenador do PS São Miguel, André Franqueira Rodrigues.
“Todos reconhecemos que estas situações são geradoras de dificuldades e, muitas vezes, colocam sob pressão os serviços públicos. Mas, ninguém compreende que a Secretaria Regional das Obras Públicas, por intermédio dos seus principais dirigentes, fique horas sem contatar o responsável máximo da Proteção Civil Municipal. Há qualquer coisa que, neste caso, não funcionou e os governantes não podem, pura e simplesmente, estar “desaparecidos de cena”, sem prestar qualquer informação face ao que se estava a passar na Ribeira Quente”, concluiu Franqueira Rodrigues, fazendo votos que uma situação destas não se repita no futuro.