Francisco César, líder do PS/Açores, sublinhou a importância da divergência em democracia, mas reforçou que, em matérias fundamentais para a autonomia dos Açores, o consenso deve ser promovido e valorizado.
O Presidente do PS Açores falava à margem de uma reunião com o Presidente do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, realizada hoje na sede do parlamento regional, na ilha do Faial.
Francisco César afirmou: "Eu tenho sempre dito que a afirmação da democracia se faz pela divergência, pela afirmação da alternativa. Mas nada disso é impeditivo, antes pelo contrário, de que em matérias que são fundamentais para a nossa autonomia, para a nossa terra, o consenso não deva existir e não deva, inclusive, ser fomentado."
O líder socialista destacou o acordo alcançado com o PSD/Açores em torno da nova presidência do Conselho Económico e Social dos Açores, mencionando que este é um exemplo de como o consenso pode ser alcançado em temas cruciais para a região. "Este é um bom momento e é um momento em que os consensos foram criados e estão, neste momento, a ser afirmados. Por isso, gostaria, em primeiro lugar, de saudar o PSD por ter sido possível, numa matéria tão relevante como é a questão do Conselho Económico e Social, chegarmos a um consenso e termos sido nós, o Partido Socialista, a propor um novo nome para o Conselho."
Francisco César fez questão de enaltecer o trabalho de Gualter Furtado, anterior presidente do Conselho Económico e Social, cuja liderança considerou meritória. "O trabalho de Gualter Furtado é um trabalho de afirmação do Conselho Económico Social, por isso o Partido Socialista desde o início foi favorável ao nome de Gualter Furtado para presidir a este órgão, e isso permitiu que ele crescesse e interviesse em temas fundamentais para a autonomia dos Açores."
Sobre a escolha da nova presidente, Piedade Lalanda, Francisco César destacou a sua independência política e a sua experiência cívica. "Piedade Lalanda é alguém com um trabalho cívico reconhecido pelos açorianos, alguém que teve uma intervenção política muito importante, quer como deputada, quer como secretária regional. É alguém que tem a vantagem de ser totalmente independente e desprendida das questões partidárias."
O líder socialista acrescentou que o novo ciclo que se pretende instalar no Conselho Económico e Social vai focar-se em questões sociais prementes para os Açores, como Educação, Pobreza e Segurança Social, áreas que considera cruciais para o bem-estar da população açoriana.
No final, Francisco César destacou a importância de manter um diálogo construtivo entre os principais partidos políticos, apesar das divergências naturais. "Em democracia há espaço para a divergência, para a crítica, para a afirmação de alternativas. O PS e o PSD são partidos centrais da democracia, e há algo que eu estou convencido: todos temos o mesmo objetivo, que é o bem comum da nossa terra. E, portanto, da minha parte, como sempre disse, em matérias tão importantes como questões autonómicas, a questão da lei de finanças regionais, a sustentabilidade financeira da própria região, nós estamos disponíveis para conversar."
Francisco César concluiu frisando que a política deve ser exercida com respeito e sem personalizações excessivas, promovendo um debate saudável e construtivo em prol da credibilização dos agentes políticos perante a população. "A pessoalização da política é algo que não faz bem à democracia. A afirmação da divergência deve ser feita através da alternância ou da alternativa política e através também da crítica construtiva com substância."