Francisco César afirmou, esta sexta-feira, que o PS não tem medo de um eventual cenário de eleições antecipadas, para defender a importância de os portugueses “poderem ser esclarecidos” após o contexto de instabilidade que o Governo da República do PSD/CDS-PP gerou no país.
Para o Presidente do PS/Açores, que intervinha na sessão de encerramento das Jornadas Parlamentares da delegação portuguesa do S&D ao Parlamento Europeu, que decorreram em São Miguel, as consequências desta instabilidade, por falta de esclarecimentos do Primeiro-ministro, podem prejudicar os Açores em investimentos fundamentais como “a ampliação do Porto das Flores ou a reparação do Hospital”, ou, até mesmo, “na revisão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas e na própria execução do Orçamento", sendo certo que o Partido Socialista nunca colocaria “os interesses do partido acima dos interesses da nossa Região”.
Frisando que a toda esta instabilidade nacional, europeia e nos Estados Unidos da América, se soma a instabilidade vivida na Região, o líder socialista alertou para as consequências da falta de pagamento por parte do Governo Regional do PSD/CDS-PP/PPM.
“Este Governo tem, neste momento, um processo na União Europeia de reestruturação da SATA. Nós sabemos que o processo não está a ser cumprido e vamos ter de exigir, junto da Comissão Europeia, mais tempo e condições, e isso não poderá acontecer quando não temos um Governo da República com capacidade política, e quando na Região estamos numa situação muito complicada em que nem conseguimos pagar à empresa pública de que somos proprietários, aquilo que lhe devemos”, afirmou.
“E, portanto, face a esta situação das finanças regionais estarem em situação de quase banca rota, da SATA não estar a conseguir ser gerida, de nós termos um processo de reconstrução do nosso hospital, que para além de ser irresponsável, poderá pôr em causa, no futuro, a sustentabilidade do Serviço Regional de Saúde, a solução deste Governo é a de dar à República a responsabilidade de pagar tudo aquilo que nós, por incompetência na nossa gestão, deixamos de conseguir pagar e de conseguir saber gerir”, acrescentou o socialista, para lamentar que se esteja a trocar a Autonomia pela manutenção do poder.
“Isto é a pior lição da Autonomia, isto é a pior vergonha e é a pior carta de apresentação que nós podemos apresentar à República como defesa do nosso sistema autonómico e de tudo aquilo que nós conseguimos”.
Salientando, na ocasião, a importância de se ter uma Europa que responda aos desafios concretos das Regiões Ultraperiféricas e que garanta que os Açores não ficam para trás, Francisco César defendeu uma abordagem estratégica para resolver problemas estruturais da Região, com o envolvimento da União Europeia em soluções para os desafios da mobilidade e do abastecimento das ilhas, mas também no combate ao abandono escolar precoce e à pobreza.
Na ocasião, o líder socialista criticou a eficácia do Governo Regional em matéria de execução de fundos comunitários, lamentando que a Região “que sempre foi uma das melhores, seja hoje uma das piores, nomeadamente ao nível do PRR”, para se comprometer a lutar por uma melhor execução dos fundos comunitários.
“Nós temos preocupações do ponto de vista da nossa mobilidade, da aposta da nossa educação, do combate às dependências, do combate à pobreza, de conseguirmos ter melhor habitação, e, por tudo isso, contamos com todos para criarmos um novo futuro para a Região Autónoma dos Açores”, finalizou o Presidente do PS/Açores, Francisco César.
Já o eurodeputado André Franqueira Rodrigues defendeu, na ocasião, que uma boa execução dos fundos comunitários é a forma de credibilizar a Autonomia, por considerar que não podemos ter “uma região com dificuldades, como é o caso da Região Autónoma dos Açores, e depois desperdiçarmos, como tem vindo a acontecer, milhões de fundos comunitários”.
“Isso não é credibilizar a Autonomia, isso, pelo contrário, é um mau serviço que este Governo está a prestar”, afirmou o socialista, para salientar que o desafio que se impõe ao PS/Açores é o de “ter um projeto alternativo que faça mais, melhor e mais depressa. Só assim é que conseguimos resgatar os Açores do declínio para o qual esta governação está a levar a nossa Região”.